Estudos sobre envelhecimento humano têm apresentado lacunas sobre as dimensões subjetivas desse processo, impactando na maneira como indivíduos entendem e vivenciam o próprio desenvolvimento. Entre as dimensões humanas negligenciadas nesses estudos, tem-se a sexualidade que, ainda que fundamental na construção da identidade e na relação do sujeito com o mundo, é pouco abordada. Essa dinâmica confere ao indivíduo que envelhece uma dupla invisibilidade, em que não se discute sobre envelhecimento ou sexualidade. O objetivo do presente estudo é analisar os discursos de adultos brasileiros acerca da sua própria sexualidade e suas formas de expressão, compreendendo como esse processo se relaciona com o envelhecimento. Realizou-se uma pesquisa com 193 respondentes, composta majoritariamente por 131 mulheres e 54 homens, com média de idade igual a 34,01 anos (DP: ± 12,02), entre 18 e 59 anos e residentes nas diversas regiões do Brasil. Os dados foram coletados de maneira online, via Google Forms, e analisados pelo software de análise qualiquantitativa IRaMuTeQ a partir da Análise Fatorial das Correspondências, Nuvem de Palavras e Classificação Hierárquica Descendente, adotando um nível de significância da associação da palavra com a classe de p ? 0,05. Os resultados foram divididos em dois corpus textuais, sendo um deles referente às questões sobre o presente e outro sobre questões prospectivas. Cada um gerou seis classes estáveis de palavras, que apresentam correlação entre si. Comparando-se os corpus, tem-se como resultado a importância de elementos como o corpo e o prazer nas vivências atuais, enquanto nas prospecções houve a valorização de relacionamentos estáveis, pouco citando, por exemplo, o sexo. Observou-se que os discursos de adultos brasileiros acerca da sexualidade mostram-se plurais e diversos, porém compartilham vários aspectos em comum, apontando para um imaginário coletivo que essa população compartilha sobre a temática e sobre o impacto do envelhecimento nesse construto.