O contexto do trabalho proposto parte de uma pesquisa apenas iniciada no Programa de Pós-Graduação doutoral em Teoria e Pesquisa Educativa na Università Degli Studi Uniroma3-ITÁLIA. Este projeto nasceu da ideia de que a formação de professores da educação básica na nossa realidade globalizada exige uma mudança de perspectitiva em chave intercultural no que concerne tanto a estrutura de conteúdos, como aspectos didáticos e metodológicos. A urgência de uma reforma que avance nesta direção é cada vez mais evidente no contexto italiano, dada a presença crescente de estudantes com origem migratória . Esta revisão deve ser entendida como “um projecto educativo intencional que é transversal a todas as disciplinas lecionadas na escola, que exige repensar as metodologias de ensino e que visa modificar as percepções e os hábitos cognitivos com que geralmente representamos tanto os estrangeiros como o novo mundo de interdependências”(FIORUCCI, 2015, P.1. Tradução livre). Por outro lado, mesmo no Brasil, país com grande diversidade étnico-cultural, o tema da educação intercultural é muito recente. O debate sobre a interculturalidade ainda diz respeito ao que se chama de Educação para a Diversidade, na formação de professores da educação infantil e do ensino fundamental ou restrito aos cursos de formação docente direcinada a povos e comunidades indígenas e quilombolas. Dito isto, ressalta-se que tem-se como problema de pesquisa: identificar como é a formação inicial docente nos cursos de Scienze della Formazione-SPI (Itália) e Pedagogia (Brasil) e em que medida essa formação tenha uma perspectiva intercultural. A pesquisa parte de duas hipóteses: 1) existem disciplinas específicas nos cursos de formação de professores nos dois países que abordam a educação intercultural; 2) além das disciplinas do currículo escolar, outros processos formativos, como por exemplo, eventos acadêmicos, estágios e atividades extracurriculares, são fundamentais na formação desses profissionais numa perspectiva intercultural.