No contexto de uma aula de Biologia em uma turma de Ensino Médio, a frente de um episódio que provocou o silêncio de um aluno, objetivamos explorar o “ser-fazer do professor” sob a ótica da tríade I-R-F – o professor inicia, o aluno responde, o professor retorna com o feedback – e, através disso, tecer reflexões considerando as questões propostas pelo professor e sua conduta perante o posicionamento dos alunos. Além disso, pretendemos discutir algumas habilidades de ensino necessárias ao professor na promoção de um ensino de ciências à luz da alfabetização científica. O episódio ocorreu durante o desenvolvimento de uma atividade relacionada ao conteúdo programático de Biotecnologia, durante o Estágio Supervisionado, em uma cidade do interior do Piauí, na qual, a professora supervisora atribuiu pontuações para as respostas “corretas” dos alunos (I). Em seu momento de fala, um estudante teve a conduta de justificar o porquê de sua resposta (R) porém, concomitantemente, a professora o interrompeu, pontuando que a explicação não era necessária, bastando o aluno dizer sua resposta (F). Assim, materializa-se uma situação comum em sala de aula, a qual o aluno, ao ser desestimulado, sente-se aquém do processo de ensino-aprendizagem e desiste de participar das atividades desenvolvidas, um dos fatores que resulta na passividade intelectual do aluno. Refletimos, portanto, como e quais habilidades de ensino são necessárias ao professor no desenvolvimento de uma prática didático-pedagógica capaz de construir um ambiente encorajador, estimulando o diálogo aberto e possibilitando a exposição e respeito de ideias divergentes. Analisamos, também, como essa prática pode promover um ensino de ciências capaz de incentivar o pensamento crítico e estabelecer a autonomia, ao compartilhar autoridade cognitiva com os alunos, aspecto essencial no desenvolvimento de saberes científicos indispensáveis à construção do aluno como ser social.