O fracasso escolar não pode ser compreendido e explicado através de uma perspectiva simplista que o justifica simplesmente como um resultado de deficiências individuais dos alunos. Portanto, partindo de uma perspectiva crítica faz-se necessário abordar o fracasso escolar através do princípio de que este é influenciado por uma série de fatores sociais, econômicos, culturais e pela reprodução de desigualdades sociais na escola. Os dados da população brasileira demonstram que pessoas negras de sexo masculino têm maiores dificuldades em sua trajetória escolar, seguidos de mulheres negras, homens brancos e, num melhor panorama, mulheres brancas. Levando em consideração tais aspectos, este ensaio teórico tem como objetivo discutir sobre o tema fracasso escolar de meninos negros dialogando com discussões de raça e gênero no campo da educação. A literatura científica nos apresenta que a população negra é impactada de diferente formas por violências racistas na escola, uma dessas formas é o próprio silêncio dos professores referente às relações étnicas, o que pode acarretar em prejuízos desde o desenvolvimento da subjetividade dos alunos negros até mesmo o desempenho escolar, o que contribui diretamente com a manutenção do racismo. Ademais, em contexto nacional, os índices de repetência e evasão escolar são mais altos para meninos, principalmente para meninos negros, que somam 58,8% da taxa de abondono escolar em nosso país. Em suma, se quisermos trabalhar para mudar a realidade escolar da população negra, em específico de meninos negros, não é culpabilizando os estudantes como agentes responsáveis pelo seuinsucesso acadêmico, mas buscando entender e mudar na prática os processos sociais que estruturam a experiência escolar dessas pessoas. Logo, é preciso dialogar sobre as bases teórico-metodológicas de uma educação antirracista, entendendo-a como um instrumento potente no caminho de luta contra o fracasso escolar de meninos negros.