“EU JÁ SOU UMA PESSOA QUE NÃO TEM UM EQUILÍBRIO, MAS O POUCO QUE EU TENHO O IFES ME TIRA”: CULTURA UNIVERSITÁRIA ENQUANTO POSSÍVEL POTENCIALIZADORA DE TRANSTORNOS MENTAIS EM ESTUDANTES DE ENGENHARIA MECÂNICA
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Os dados analisados são recortes de uma pesquisa de doutorado que tinha por objetivo analisar o fenômeno da reprovação em massa em disciplinas com alto índice de reprovação no curso de Engenharia Mecânica. Foram entrevistados os professores das três disciplinas com a taxa mais alta de reprovação, o coordenador do curso e 16 estudantes. O tema transtornos mentais surgiu no discurso de 1 professor e de 5 estudantes. Os dados revelam, por um lado, um docente preocupado com a saúde mental dos estudantes, mas que demonstra uma falta de clareza quanto às estratégias apropriadas para oferecer suporte nessa área. De outro lado, emergem como fatores de risco para o bem-estar psicológico dos estudantes a exaustão mental decorrente de esforços intensos e resultados muito aquém da energia investida, o contexto pós pandêmico de retorno às aulas presenciais, dificuldades econômicas, distância da família, falta de consciência para organização de seus estudos, falta de base do ensino médio, pouca compreensão dos docentes sobre suas dificuldades e uma cultura universitária que naturaliza a reprovação e a vida universitária privada de lazer, voltada exclusivamente à academia. Os dados apontam para a necessidade da instituição se voltar para o estudo de sua própria realidade, promovendo uma revisão de suas práticas educacionais, especialmente em termos de propor soluções para os obstáculos ao bem-estar psicológico produzidos pela sociedade, em vez de reproduzi-los ou reforçá-los." 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