Este artigo tem por objetivo analisar a experiência de deslocamento e fragmentação identitária vivenciada pela personagem Ugwu do romance Meio Sol Amarelo (2008), de Chimamanda Adichie. Para análise da obra, lançou-se mão de enxertos narrativos que evidenciam o processo de deslocamento e (des)construção identitária da personagem em pauta. À luz de fontes teóricas que problematizam questões de identidade e fatores interseccionais como raça, classe social e gênero, busca-se compreender como ocorre o processo de fragmentação identitária do jovem e de que modo isso afeta a forma como ele enxerga e atua sobre a realidade que o cerca. Neste estudo, tensiona-se os deslocamentos geográficos, sociais e culturais enquanto processo de reelaboração identitária. Discorre-se, ainda, acerca do importante papel que o contexto de guerra retratado em Meio Sol Amarelo desempenha sobre a mobilidade geográfica e identitária sofrida por suas personagens ao desestabilizar as estruturas sociais, econômicas e políticas que norteiam as suas vivências. Nesta investigação, o contexto da guerra que permeia o enredo da obra é pensado para além dos campos de batalha ao trazer para a superfície da análise os ambientes domésticos nos quais os não-combatentes circulam. A leitura analítica dos dados aponta a influência do contexto cultural, social e político como elemento determinante na formação identitária de Ugwu e os deslocamentos por ele experienciados como estopim do desmantelamento das versões das velhas identificações e o surgimento de novas, processo no qual a assimilação acrítica dá lugar para a criticidade e emancipação.