Após vinte e dois anos da lei de Libras e da publicação posterior de outras normativas, relacionadas às tentativas de construção de uma glotopolítica voltada para a educação de pessoas surdas, há um cenário ainda desafiador no que tange ao tema. Neste sentido, com base nas teorias da de(s)colonialidade e na sua relação expansiva com o conceito de cidadania, pensando também no conceito de cidadania linguística, discutir-se-ão possíveis agendas voltadas para o quadro em tela. O interesse é analisar a situação atual destes esforços de construção e comparar com os desejos, dificuldades e conquistas de seis professores surdos de instituições públicas brasileiras, em relação às políticas linguísticas atuais e suas práticas nas realidades enfrentadas por eles. Nesse sentido, far-se-á uma análise comparativa dos currículos dos cursos de Letras-Libras e de Pedagogia Bilíngue das universidades onde estes professores atuam, buscando, ainda, os posicionamentos destes em relação ao ensino com surdos na área de Libras, discutindo também a proposta da LDB (Leis de Diretrizes e Bases) sobre a educação bilíngue. Objetiva-se contribuir tanto para a difusão da ideia de cidadania linguística no país, derrubando o mito da monolinguismo, como dar espaço para que os professores entrevistados exponham como querem que a Libras seja usada e com quais propósitos, ao se falar de educação. Busca-se, portanto, incentivar olhares descolonizadores e dar a conhecer a posição de professores surdos sobre a LDB e o ensino de Libras na educação básica, a fim de refletir sobre a formação contínua no campo do ensino com surdos e suas percepções ancoradas na cidadania linguística, isto é, como este grupo linguístico pensa sobre sua língua, seus usos e objetivos e o que deseja em relação a isto.