A presente pesquisa teve como objetivo identificar a visão das professoras alfabetizadoras sobre as manifestações corporais das crianças no processo de alfabetização e os indícios de como esta visão se reflete em suas práticas, a fim de fazer apontamentos para uma proposta de formação em contexto para professoras alfabetizadoras, fundamentada na teoria de Henri Wallon, na Psicomotricidade e nos resultados da pesquisa. Acredita-se que as manifestações corporais não estão sob o controle das crianças e que as professoras alfabetizadoras, ao planejar suas práticas, devem considerá-las. A pesquisa teve como principal referência teórica a psicogenética walloniana. A trajetória metodológica se deu por meio de abordagem qualitativa em uma escola particular de Educação Básica no município de São Paulo. Teve como sujeitos duas professoras que atuam no 1° e no 2° ano do Ensino Fundamental. Foi enviado um questionário e realizadas 25 horas de observação de aulas com foco no processo de alfabetização para o levantamento de informações. O procedimento de análise ocorreu com base nos pressupostos da análise de prosa. Como resultado, este estudo revelou que há compreensão sobre o corpo como uma das linguagens da criança e a importância de considerá-la em sua completude ao longo do processo de alfabetização, além da necessidade genuína da criança de brincar e explorar a si mesma e ao ambiente. Notou-se, porém, que as professoras enfatizam as experiências corporais como algo que precede a alfabetização, ressaltando a aquisição da leitura e escrita. Em síntese, embora as professoras respeitem as manifestações corporais espontâneas, estas não estão contempladas nas atividades planejadas.