O ensino de botânica tem sido caracterizado como predominantemente conteudista e desestimulante, de forma a não dialogar com o cotidiano dos alunos, com enfoque para aprender e memorizar termos e nomenclaturas botânicas. Destacam-se temas como sistemática e classificação de vegetais, nomenclaturas e aspectos fisio e morfológicos como prioridade no ensino da educação básica. Entretanto, podemos destacar algumas temáticas essenciais, como a etnobotânica, que se configura enquanto uma fronteira entre a botânica e antropologia cultural e representa uma temática imprescindível para o ensino de botânica, ao passo que inclui as temáticas e lutas das comunidades tradicionais dentro do ensino de ciências e biologia. A partir disso, destaca-se a pedagogia histórico-crítica enquanto uma ferramenta teórico-metodológica para a inserção da etnobotânica no ensino, ao passo que esta se apresenta enquanto uma pedagogia para a classe trabalhadora, com o objetivo final da emancipação humana e fim da sociedade de classes, a qual apresenta influência direta na “reexistência” das comunidades tradicionais. Esta pesquisa faz parte do projeto de monografia intitulado “Por terra e soberania popular: contribuições de uma pedagogia socialista para o ensino de botânica” e tem como intuito discutir as contribuições da pedagogia histórico-crítica para a inserção da etnobotânica no ensino de biologia, bem como os empecilhos para o avanço deste referencial teórico-metodológico nesta temática. Este trabalho, enquanto um ensaio teórico, apresenta como metodologia uma revisão bibliográfica sobre a pedagogia histórico-crítica no ensino de ciências e biologia e sobre os conteúdos de etnobotânica abordados dentro do ensino de botânica. Com isso, espera-se poder contribuir com novos conteúdos para o ensino de botânica que contemplem os saberes das comunidades tradicionais, sendo possível trabalhar questões como: agroecologia, plantas medicinais, plantas alimentícias, reforma agrária, problemáticas do agronegócio, direito à alimentação de qualidade e valorização dos saberes ancestrais.