O objetivo deste estudo é relatar a prática do ensino de empreendedorismo na Educação Fundamental II demonstrando as relações sociomateriais entre ensino e aprendizagem, tanto dentro do ambiente escolar quanto na sociedade em geral. Nesse contexto observou-se uma teia de interações entre elementos humanos e não humanos, configurando a prática do ensino empreendedor. Esta pesquisa defende que essa prática não só influencia a organização social local, mas também é moldada por ela, afetando professores, alunos, equipe técnica, familiares e a comunidade. Para validar os achados, três argumentos principais são apresentados: (I) o ensino de empreendedorismo estimula a criatividade e promove inclusão e exclusão de diversos elementos; (II) sua eficácia depende de um programa bem estruturado e da formação adequada dos professores; e (III) poder ressignificar o processo de ensino e aprendizagem. A pesquisa destaca quatro características da prática de ensino empreendedor: (I) a transversalidade, que integra conhecimentos teóricos e práticos; (II) a interprática, que liga as práticas de ensino e aprendizagem; (III) a necessidade de gerar significados claros para os conteúdos ensinados; e (IV) a consideração do ciclo de vida de cada prática. Para compreender os efeitos na comunidade escolar, a prática de ensino de empreendedorismo foi observada durante nove meses, utilizando a metodologia pós-qualitativa e a etnografia sensorial de Pink (2015), além da técnica Zoom out-in de Nicolini (2009). As análises foram realizadas à luz da estética organizacional e do processo evocativo interpretativo (Strati, 2007). Estudar o ensino de empreendedorismo na educação fundamental é comparável a observar uma espiral em movimento, onde as relações se desenvolvem continuamente dentro de uma temporalidade comportamental, refletindo a constante evolução e impacto social dessa prática.