O presente artigo tem como objetivo compartilhar os resultados de uma pesquisa de iniciação científica, sobre as trajetórias e protagonismo de mulheres amazônidas, estudantes da Universidade Federal do Amazonas, no Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia- ICESZ, na cidade de Parintins, Amazonas. Em termos metodológicos, esta pesquisa nasceu a partir de uma inquietação da autora, que por sua vez, é uma mulher estudante amazônida que também teceu a sua história por meio de outras mulheres. Dessa forma, a autora convidou 10 estudantes que fizeram parte de um grupo de estudos de narrativas de si, de forma seleta, tendo discentes de diferentes cursos na faixa etária de idade entre 20 a 35 anos, sendo 7 mulheres e 3 homens amazônidas, pretas (os), indígenas, quilombolas e LGBTQIAPN+. A proposição da formação do grupo, enquanto estratégia metodológica, se constituiu nesta pesquisa como lócus de desenvolvimento do estudo. Neste espaço, os sujeitos narraram suas trajetórias escolares, vivências e construção de si. Por isso, em termos metodológicos e epistemológicos trata-se de uma pesquisa que parte da perspectiva crítica, dialógica e interativa por considerar a Universidade como espaço atravessado por diferenças e diversidades, contradições e possibilidades. Enfatizamos, portanto, que a metodologia está ancorada na perspectiva de pesquisas (auto) biográficas (Passeggi, Souza; Vicentini, 2013), narrativas de si (Josso, 2004) e epistemologia feminista negra (Collins, 2019), tendo como referência teórica principal Bell Hooks (2020,2019). Destacamos a importância da pesquisa (auto)biográfica neste estudo, bem como o pensamento feminista negro, como grande propulsor do reconhecimento das mulheres negras como agentes de conhecimento da realidade e da própria vida. O pensamento feminista negro, para Collins (2019), constitui um projeto de conhecimento que examina a produção intelectual das mulheres negras (em nosso caso, também mulheres indígenas e amazônidas) em resposta aos desafios específicos enfrentados em suas realidades.