Esse trabalho é um relato de experiência e tem como objetivo principal investigar a aprendizagem das crianças durante as suas interações e brincadeiras em espaços previamente organizados pelos educadores. O cenário dessa investigação é uma escola pública de Educação Infantil do município de Vacaria, no Rio Grande do Sul, tendo como interlocutores empíricos crianças de uma turma de maternal, com três anos de idade. O método que orienta o trabalho é a intervenção pedagógica, constituída pelo planejamento e organização de espaços, tanto na sala de referência, quanto ao ar livre, utilizando materiais com diversas possibilidades de manipulação das crianças, acolhendo principalmente elementos da natureza e objetos não estruturados. As ações das crianças durante a exploração dos espaços organizados foram registradas por meio de anotações em diários de bordo, fotos, vídeos e gravações das falas das crianças. O referencial teórico que nutriu o planejamento, as intervenções pedagógicas nos espaços organizados e as análises dos dados empíricos construídos se ancoram nas produções de Horn (2004), Fochi (2018), Montessori (2017), Tiriba (2021) e no que dispõe a Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil- BNCC (2018). As tessituras entre os achados da investigação e as produções teóricas já constituídas inferem que quando as crianças se deparam com espaços intencionalmente organizados para elas, se sentem convidadas para explorar a sua imaginação e criatividade, exercitando a autonomia e a autoconfiança por meio de um brincar espontâneo, mas repleto de intencionalidades. Nesse contexto, o papel dos educadores é observar com um olhar e uma escuta atenta as interações das crianças se efetivando por meio de suas próprias invenções, registrando, avaliando e documentando as aprendizagens que vão se construindo nesse processo onde o brincar não é dissociado do aprender.