A poesia slam constitui uma ferramenta de embate identitário e político que transgride o viés literário ao passo que, para além de uma nova forma de literatura, configura-se como mecanismo de representações de comunidades, pensares e dizeres subalternizados. Desse modo, considerando-a um mecanismo de contracolonização, de democratização literária e política e de cidadania, o slam se insere na pedagogia das ausências e emergências (Gomes, 2017) ao constituir-se forte instrumento para uma educação básica afrocentrada, à medida que traz à tona a forte produção de não existência à qual o indivíduo subalterno esteve/está relegado. Assim, com o intento de problematizar a percepção dessa ausência no âmbito da sala de aula, neste estudo, buscamos investigar como a poesia slam se configura uma alternativa que cabe no horizonte das possiblidades concretas de um fazer docente negrorreferenciado. Para tanto, por meio de revisão bibliográfica amparada nas contribuições de Santos (2004), Gomes (2017) e Rufino (2019), buscaremos situar a poesia slam como prática social e analisar como, por meio do letramento literário, as referidas ausências se constroem e cedem espaço para as emergências de uma nova teoria crítica educacional, numa tentativa de “desestabilizar os modelos epistemológicos dominantes” (Gomes, 2017, p. 62) pela via da palavra.