Este artigo destaca os impactos ocasionados nos processos de subjetivação de crianças negras frente à banalização do racismo no contexto escolar, que força crianças negras elaborarem estratégias de sobrevivência em um ambiente estratégica e historicamente mobilizado pela branquitude. Dentre as diversas possibilidades de estudar o racismo, adentramos pela relação íntima e intrínseca do racismo e saúde mental, a partir das experiências com o racismo, de crianças negras na escola. O estudo tem como objetivo analisar em que medida a estrutura racista impacta a saúde mental de crianças negras, a partir do racismo vivido e sentido no cotidiano escolar, considerando as reverberações na autoestima, autoimagem e, consequentemente na aprendizagem. A abordagem metodológica seguiu o caminho da pesquisa bibliográfica, analisando relatos sobre o racismo que atravessaram a constituição do sujeito histórico e subjetivo de crianças no ambiente escolar. Para o desenvolvimento textual estabeleceu-se um diálogo com a produção de autoras e autores negros, com destaque para as contribuições de Lélia Gonzalez (2021), Neuza Santos (2020) Nilma Lino Gomes (2007), Eliane Cavalleiro (2004) e outros. Diante do combo de violências raciais que se impõe sobre a população negra desde a mais tenra idade, ressaltamos a urgência do combate a todas as formas de racismo, bem como a elaboração de estratégias de acolhimento e fortalecimento das identidades das crianças negras, destacando a importância de uma atividade docente representativa e amorosa, que afete positivamente as experiências escolares das crianças negras. Durante a análise de dados, percebeu-se que para algumas crianças negras, a experiência negativa com o racismo escolar é vívida, mesmo quando adultas e acadêmicas.