O enfrentamento e a superação das desigualdades educacionais decorrentes do racismo apresentam-se como grandes desafios da contemporaneidade. Pesquisas recentes atestam que para crianças e jovens negros, a escola muitas vezes é um espaço de exclusão e negação de direitos. A partir de experiências no campo da Formação de Professores para a (RE)Educação das Relações Étnico-raciais, o presente artigo objetiva refletir a respeito da Pedagogia da Carta, metodologia alicerçada no pensamento de teóricos como Muniz Sodré (2020), Paulo Freire (2021) e bell hooks (2021), utilizada como instrumento de sensibilização e conscientização de profissionais da educação quanto a importância de se implementar práticas antirracistas no cotidiano escolar, conforme determina a Lei Federal n. 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura Africana e Afro-brasileira em sala de aula. Por meio de cartas escritas por professores e de produções acadêmicas concernentes ao tema, busco apresentar os entraves e desafios para a efetivação da legislação educacional vigente, dentre eles, o mito da democracia racial, ainda presente no imaginário da sociedade brasileira e, consequentemente, dos educadores. Busco também elucidar as possibilidades ofertadas pela pedagogia acima citada na revisão de currículos, assim como na construção de ações e discursos contracoloniais, comprometidos com a democracia, com a justiça racial e com a equidade de saberes.