A primeira infância é o momento crítico para o desenvolvimento humano. É nesse momento que condutas relativas à prática de atividade física e a exposição a comportamentos sedentários são estabelecidos. Achados na literatura mostram que competência motora e atividade física afetam-se mutuamente e que na primeira infância esta relação seria responsável por promover um maior engajamento em atividades físicas na fase adulta. Devido à ausência de estudos conclusivos, o objetivo do presente estudo foi analisar a associação entre o nível de atividade física e o desempenho em habilidades motoras fundamentais de crianças de 3 a 5 anos da cidade do Recife. Os dados da presente pesquisa são provenientes do Estudo Longitudinal de Observação de Saúde e Bem-estar de Crianças em Idade Pré-Escolar (ELOS-Pré). Foram selecionadas para este estudo 295 crianças, sendo 161 meninos e 134 meninas, eutróficas, de escolas públicas e privadas. O nível de atividade física foi avaliado através de um questionário respondido pelos pais, através da classificação do nível de atividade física e da estimativa em minutos dispendidos em atividades físicas ao ar livre em um dia da semana e um dia do final de semana. Para a coleta do desempenho motor foi utilizada a bateria de testes TGMD-2 segunda versão, em duas subcategorias: habilidades locomotoras e Habilidades de controle de objetos. Para análise das variáveis, foi testada a normalidade e os dados foram apresentados em mediana, amplitude interquartílica e percentis (P25, P50, P75 e P90). Os testes inferenciais incluíram: a) u de mann whitney para verificar diferenças entre os sexos b) kruskal-wallis para diferença entre idades e post hoc de tukey para localizar as diferenças. C) correlação de spearman para associação entre as variáveis. Foi adotado o nível de significância 0,05 como critério de rejeição da hipótese de nulidades em todas as análises. Os resultados obtidos foram: diferença entre os sexos no quociente motor geral e subcategoria controle de objetos com superioridade masculina; superioridade das crianças de 5 anos em todas as categorias; as meninas foram superiores aos meninos apenas na habilidade saltitar com um pé; o nível de atividade física das crianças atendeu ao limite mínimo recomendado de 60min/dia e com o avanço da idade o número de habilidades que esteve relacionada ao nível de atividade física, nas meninas, aumentou, sugerindo que estas variáveis podem estar relacionadas também à maturidade da criança. As correlações entre as variáveis principais de estudo foram fracas ou moderadas (de -0,48 a 0,52) e apenas observadas em subgrupos. Desta forma é necessário que novos estudos sejam conduzidos na tentativa de identificar a existência desta relação na população infantil, talvez utilizando outros métodos de mensuração do nível de atividade física como, por exemplo, o observacional.