Ao observar acerca do cuidado de enfermagem às pessoas em sofrimento psíquico nos serviços de saúde, buscou-se analisar as possibilidades de um cuidado clínico de enfermagem pautado no referencial teórico da psicanálise a partir de Freud com a releitura de Jacques Lacan. Trata-se de um relato de experiência realizado no período de março de 2012 a setembro de 2013 com pacientes internos, durante as práticas do Estágio Extracurricular de Enfermagem Psiquiátrica em uma Clínica situada no município de Campina Grande-PB. A maior parte dos profissionais reconhece como ações de saúde mental apenas a administração de medicamentos psiquiátricos e o encaminhamento do paciente para serviços especializados. Mas, na realidade, o atendimento da enfermagem para esses casos deve ir além, começando por acolher e escutar o cliente/paciente. No espaço da clínica, inicialmente tem-se a preocupação quanto ao desconhecido, de inicio compreende-se que os transtornos mentais não aparecem de forma clara e explícita. Portanto, os profissionais, devem aprender a identificar esses transtornos nos pacientes que não aparentam ter transtornos mentais. É preciso identificar os pacientes que sofrem exclusão social e até mesmo observar os familiares desses pacientes, pois será dessa forma que se podem transformar tais ações em sentimentos, e, isso faz com que crie um laço de confiança e uma maior segurança entre os estagiários e os usuários. Dessa maneira, pode-se afirmar que houve então a tentativa de aproximação entre o saber acadêmico e a realidade dos usuários no que se refere ao serviço prestado pela clínica, enfocando o diálogo, a descontração e a compreensão, objetivando o interesse, em última instância, a contribuição para a reabilitação psicossocial dos mesmos que, em especial, precisam de uma maior atenção. As ações de enfermagem em Saúde Mental devem começar na entrevista, perguntando e ouvindo com atenção não somente a queixa do paciente, mas sua história de vida, sua cultura, seus problemas emocionais e sofrimentos. É preciso conversar com o paciente, orientá-lo, pois muitas vezes essas ações são mais eficazes do que iniciar outra via terapêutica nesse indivíduo. Além disso, conversar e orientar a família também são ações relevantes, por serem essenciais no processo de reabilitação dos mesmos e da sua inserção na sociedade. Neste contexto constatou-se que no primeiro momento se mostraram dispersos das atividades e dos próprios acadêmicos e com o passar dos dias foram se mostrando mais confiantes e interessados pelas atividades desenvolvidas na clinica, principalmente aquelas realizadas pelos acadêmicos.Ao escutar alguns depoimentos de pacientes que se encontravam na clínica foi possível verificar que esses pacientes anseiam por alguém que possam lhes ouvir e com essa prática proporcionem a tais pacientes a vontade para relatar seus medos, inseguranças, desconfortos, infortúnios entre os familiares e até mesmo entre outras pessoas que são próximas a eles. Tal realidade é percebível nessas pessoas independentemente da idade, do gênero, da condição sócia econômica, religiosa e intelectual de cada um.Diante do processo interativo entre os sujeitos envolvidos foi possível observá-los clinicamente através do olhar holístico e a qualidade de vida dos assistidos.