Vários estudos comparativos entre homens e mulheres tem comprovado que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas. Esta constante questão de gênero que perpassa a conduta e os hábitos masculinos produz não somente modos de vida diferentes, como também modos de adoecer e morrer. As pesquisas qualitativas organizam, em dois grupos principais de determinantes, as várias razões pelas quais estruturam-se barreiras entre o homem e os serviços de saúde, que são: as barreiras sócio-culturais e institucionais. A compreensão dessas barreiras é importante para a proposição estratégica de medidas que venham a promover o acesso dos homens aos serviços de atenção primária, que devem ser a porta de entrada ao sistema de saúde, a fim de resguardar a prevenção e a promoção como eixos necessários à saúde. O enfermeiro como profissional que atua, principalmente, na educação para a saúde, pode desenvolver um papel relevante nesse processo desmistificador, através de ações educativas de promoção da saúde e prevenção de doenças, esclarecendo dúvidas e incentivando à população masculina a prática do autocuidado, assim como é desenvolvido com crianças, mulheres e idosos através de programas específicos a eles e outras atividades. O objetivo desta pesquisa foi identificar como se dá o atendimento de enfermagem à saúde do homem na Estratégia Saúde da Família – ESF, do ponto de vista dos usuários do sexo masculino e das enfermeiras que atuam neste serviço. Esta pesquisa é qualitativa, exploratória-descritiva. Foi realizada na Estratégia Saúde da Família de uma cidade do Cariri Cearense, com 15 usuários do sexo masculino e quatro enfermeiros mediante saturação dos dados como previsto em pesquisas qualitativas. A coleta de dados foi feita através de entrevista semiestruturada, nos meses de março e abril de 2012. Para a interpretação e apresentação dos dados, foi realizada a análise de conteúdo de Bardin e a categorização temática dos discursos dos sujeitos. O estudo atendeu à Resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde. A partir da análise de conteúdo realizada, surgiram às categorias a seguir que foram submetidas a discussão de acordo com a literatura: A educação em saúde como ferramenta de cuidar; Ausência de assistência específica para o homem; Dificuldades e limitações no atendimento a saúde do homem. Foi perceptível a necessidade de capacitação para os profissionais da Estratégia Saúde da Família com destaque aos enfermeiros, que é o profissional que concentra a maior parte das ações voltadas aos homens e demanda-se maior atenção pelos órgãos gestores da região para a implementação de programas específicos voltados à saúde dos mesmos.