A estratégia de Educação Popular em Saúde (EPS) configura-se enquanto elemento complexo e desafiador, constituindo proposta inovadora na perspectiva de estimular o protagonismo da população na reformulação de práticas e na problematização de realidades até então despercebidas. O presente estudo pretende descrever uma prática de EPS desenvolvida e, por conseguinte, tecer uma auto-avaliação das práticas realizadas. Trata-se de um relato de experiência que atende à proposta da disciplina “Estágio Curricular supervisionado I”, realizada numa unidade básica de saúde de um município de médio porte localizado na região do Alto Oeste Potiguar, datada de 8 de agosto de 2013, em que realizaram-se atividades relativas à temática “Dengue: um problema de todos”. Ressalta-se a homogeneidade como um desafio exposto nas vozes da comunidade, uma vez que um usuário mais participativo pode encabeçar um monólogo; a articulação satisfatória entre a universidade e os profissionais da unidade na pactuação de horários e adequações às particularidades do perfil do serviço; a dificuldade em angariar a atenção dos participantes pela supervalorização das consultas médicas; a necessidade de fortalecimento de vínculo com o território, impedido pelo contato prévio relativamente restrito; a superação de ausência de espaços físicos adequados pela adoção de metodologias mais dinâmicas e condizentes com os locais disponíveis, o que demonstrou as possibilidades de contorno das dificuldades materiais em prol da garantia da efetividade da prática; as limitações em lidar com imprevistos; e a imaturidade na metodologia avaliativa, requerendo instrumentos mais abertos a discussões e menos unidirecionais. Nesta experiência, a convocação dos usuários para participar das atividades desenvolvidas e os diálogos promovidos instrumentalizaram a aproximação com o conhecimento dos saberes da comunidade. O que se observou é que os usuários envolvidos demonstraram considerável segurança no tocante ao reconhecimento da temática. Entretanto, há a necessidade de converter a transferência de responsabilidades atribuídas exclusivamente aos serviços de saúde para a parceria entre este e a comunidade enquanto trabalho coletivo. Diante disto, recomenda-se a repetição de atividades desta natureza, principalmente no intuito de implementação contínua e acompanhamento assíduo, com a possibilidade de revisitar os espaços alvos de implementação para observar se as estratégias de intervenção promoveram resultados factíveis ou avaliar o processo e a necessidade de rever as ações em saúde, na intenção de modificar as realidades das comunidades com e para as comunidades.