A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, marcado pela ampliação de atendimentos mais humanizados junto aos pacientes com transtornos psicológicos. Dentre as novas formas de atendimento, pode ser citado o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), onde apresenta um modelo assistencial em saúde mental, totalmente diferenciado da perspectiva hospitalocêntrica, buscando uma melhor qualidade de vida para o paciente, bem como sua reinserção na sociedade. O presente trabalho busca apresentar um relato de experiência acerca do cotidiano dos serviços no CAPS III – Reviver, localizado na cidade de Campina Grande, Paraíba. O método utilizado foi o da observação sistemática que é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou ferramentas as quais se deseja estudar. A partir da observação, foi possível verificar que o CAPS III Reviver dispõe em seu serviço de profissionais de áreas diferentes, mas que se comunicam entre si. Além dos profissionais de enfermagem, psicologia, medicina, serviço social, o CAPS conta com técnicos de referência (TR), que em sua maioria são enfermeiros, que tem a função de auxiliar mais de perto as modificações que possam ocorrer no tratamento do usuário e se certificar da melhor adaptação deste ao ambiente e as atividades do serviço. Os usuários, juntamente com os seus responsáveis, são recepcionados por uma equipe de acolhimento sendo, em seguida, encaminhado para uma avaliação psiquiátrica junto ao médico plantonista. Após o estabelecimento no centro, os usuários participam de oficinas terapêuticas, as quais têm como objetivo a exploração e estimulação das mais variadas habilidades utilizando-se de atividades como pintura, fuxico, canto, dança e teatro. Os itens produzidos na oficina de fuxico são vendidos e a renda é entregue ao usuário que produziu. O suporte familiar também é realidade no serviço, cujo objetivo é o acolhimento e a escuta compreensiva e terapêutica na busca de amenizar possíveis angustias e sofrimentos. Esse grupo terapêutico é oferecido durante alguns dias na semana e a participação do familiar ou responsável deve se dá no mínimo uma vez a cada mês. O contato realizado com um serviço público voltado para a saúde mental foi apreendido como uma experiência válida e positiva, tendo em vista a oportunidade da percepção da inserção das pessoas com tais dificuldades no meio social. Contudo, verificou-se ainda alguns problemas enfrentados pelos profissionais no que diz respeito ao número reduzido dos mesmos, bem como dificuldades na estrutura física que atrapalham a acessibilidade ao paciente e ao familiar e a falta de investimento nas instituições. Todas estas dificuldades somadas ao estigma social direcionado as psicopatologias, podem corroborar para o reforço de uma visão negativa acerca do usuário e do serviço substitutivo.