Introdução: O presente trabalho relata uma intervenção realizada com alunos da Unidade Escolar Ana Bernardes durante um estágio de psicologia comunitária no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). A intervenção foi fruto de uma articulação entre o CRAS e a unidade escolar do território a ele referenciado, que solicitou ajuda a partir da identificação de adolescentes em situação de vulnerabilidade física e psicossocial. Objetivos: Considerando que a educação é um importante instrumento de emancipação e transformação da realidade social, a intervenção teve como objetivo promover um espaço de discussão onde os adolescentes pudessem ter acesso a informações, compartilhar experiências, discutir e refletir a partir de diferentes pontos de vista sobre temas pertinentes à sua realidade, buscando uma transformação da mesma. Metodologia: O público-alvo foram alunos do 8º ano do ensino fundamental, que participaram de quatro encontros com as estagiárias e o psicólogo do CRAS, realizados uma vez por semana com duração de uma hora cada, na própria unidade escolar. Em cada encontro foi trabalhado um tema através de atividades lúdicas que buscaram o envolvimento dos alunos em uma discussão a partir das vivências cotidianas de cada um. No primeiro encontro trabalhou-se a adolescência na visão dos alunos, a partir da qual foram sugeridos temas para os próximos encontros: drogas, sexualidade e família. Resultados: As atividades realizadas revelaram as percepções e compreensões dos alunos acerca dos temas adolescência, drogas, sexualidade e família. Como era esperado, a adolescência foi representada principalmente por aspectos relacionados à aparência física, relacionamentos interpessoais e drogas. A discussão sobre o tema das drogas revelou que, apesar dos adolescentes terem algum conhecimento (genérico) sobre seus malefícios, a influência do grupo de pares é um fator preponderante. As atividades evidenciaram ainda grande desinformação em relação a sexo, doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos. Os alunos mostraram-se menos participativos na discussão sobre o tema família, mas aqueles que se manifestaram revelaram certa consciência do seu papel e da importância do diálogo na dinâmica familiar. Conclusão: Devido ao tempo reduzido disponibilizado pela escola, as atividades realizadas, apesar de representarem uma importante iniciativa, mostraram-se insuficientes diante da grande demanda trazida pelos adolescentes. Evidenciou-se assim a necessidade de mais ações de cunho socioeducativo que promovam um espaço de diálogo e acesso à informação, possibilitando aos adolescentes o alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social.