A pena de morte é um assunto bastante polêmico e atual, que levanta diferentes posicionamentos e argumentos. Neste sentido, foi realizado um levantamento dos artigos publicados pelo jornal “A Folha de São Paulo” que enfocam o tema da pena de morte, nos três períodos políticos brasileiros dos seguintes anos; 1968 a 1974 (ditadura); 1987 a 1995 (transição da ditadura para a democracia); 2005 a 2011(período democrático atual). Objetivou-se entender quais os tipos de repertórios discursivos mais enfocados sobre a pena de morte por este meio de comunicação impresso. A amostra foi composta por 479 artigos, que contem no título a expressão “pena de morte”. Após a coleta, os dados foram tratados e processados pelo pacote estatístico ALCESTE. Da análise realizada pelo pacote estatístico proposto, emergiram três classes, a classe I, II e III. A classes II ““Ambiguidade do valor da Vida” (49%) e a classe III “Contradições acerca da implementação da pena de morte” (24%), representam os discursos que abordam a pena de morte no período de transição da ditadura para a democracia, e que se distanciam da classe I “Julgamentos no período militar” (27 %) que representam essencialmente os repertórios discursivos do período militar. Conclui-se brevemente que apesar de o Brasil ter uma vivência recente da democracia, existem forte resquícios de discursos que remetem ao período da ditadura militar no Brasil, como pode ser percebido na representatividade do corpus da “classe I” “Julgamentos no período militar” em 27 %, sendo a segunda classe mais forte do dendrograma da análise. E que a presença marcante desse tipo de repertório discursivo, poderá reforçar algumas práticas e ideias que ferem a Declaração Universal dos Direitos Humanos.