O patrono da educação brasileira Paulo Freire (1983) materializou suas concepções pedagógicas nos Círculos de Cultura. Dito isso, o método partia da relação dos/as discentes com sua realidade concreta (FREIRE, 1975). É mister destacar que a grande maioria dos/as membros/as dos Círculos de Cultura estavam inseridos/as no mercado de trabalho, consequentemente sua prática de ensino partia da atividade vital dos sujeitos aprendentes. O objetivo do presente artigo é refletir o trabalho como princípio pedagógico dos Círculos de Cultura de Educação Popular. Para tanto, a metodologia utilizada parte do paradigma qualitativo (SEVERINO, 2007), e teve como tipo de pesquisa as narrativas de vida, isto é, o método científico que parte da experiência empírica dos sujeitos que vivenciaram o fenômeno (SOUZA; MEIRELES. 2018). Foram realizadas entrevistas narrativas com os/as antigos monitores/as dos Círculos de Cultura. Estes que na década de 1990 correspondiam a doze monitores/as nos Territórios de Identidade: Piemonte Norte do Itapicuru e Piemonte da Diamantina situados semiárido baiano. Outrossim, as atividades dos Círculos de Cultura eram norteadas pelas palavras geradoras que partiam do contexto em que os sujeitos aprendentes estavam inseridos (FREIRE, 1975). Segundo os/as colaboradores/as da pesquisa as palavras geradoras emergiam do trabalho dos membros. Assim, Lukács (2011) salienta que o trabalho é atividade ontológica do ser humano e sem ele não haveria sobrevivência da espécie. A educação surge da necessidade do/a homem/mulher ensinar as novas gerações como adaptar a natureza através do trabalho (SAVIANI, 2013). Ademais, alguns Círculos de Cultura aconteciam em assentamentos de reforma agrária os/as monitores/as dos Círculos de Cultura apontam que sempre utilizavam como palavra geradora a enxada, pois era uma ferramenta de trabalho comum naquele contexto. Contudo, os Círculos de Cultura promoveram práticas pedagógicas libertadoras para sujeitos oprimidos do semiárido baiano, através dos fundamentos da didática freiriana e do trabalho como princípio pedagógico.