A releitura do que sendo escrito é uma atividade cognitiva inerente a todo processo redacional. Se que se possa reler o que já se escreveu, parece ser difícil manter a unidade de sentido que que ainda se vai escrever. Essa ação do escrevente faz parte do movimento recursivo, próprio de todo ato de escrever. Este estudo, através do uso de uma ferramenta (Sistema Ramos) capaz de registrar o manuscrito escolar em construção em contexto de sala de aula, pretende analisar as ações de releitura efetivadas por escreventes recém-alfabetizados, quando inventam histórias ficcionais. Através do filme-sincronizado oferecido pelo Sistema Ramos, podemos analisar os momentos em que o aluno efetiva uma releitura para, em seguida, continuar escrevendo sua história. Nosso material de análise é composto de três filme-sincronizados, coletados em uma sala de aula com alunos do 2º ano escolar, durante três meses, em uma escola de Portugal. Nas propostas de produção textual, os alunos deveriam, organizados em díades, conversar, combinar e escrever uma história inventada. Nos três filme-sincronizados identificamos aproximadamente cinquenta (50) pontos de releitura, uma média de dezesseis (16) releituras por manuscrito produzido. Pudemos diferenciar as releituras em quatro tipos: releitura silenciosa, identificada através da direção do olhar e movimentos das mãos e canetas; releitura em voz alta, para si mesmo; releitura em voz alta para o parceiro, releitura a pedido da professora. Essas ações de releitura podem vir acompanhadas de modificações sobre o que já foi escrito. Dentre as ações de releitura, observamos que um dos alunos da díade realizou mais releituras seguidas de alterações no que já havia escrito. Essas alterações modificaram ou rasuraram aspectos ortográficos e gramaticais.