Este artigo tem como objetivo pensar a educação antirracista por meio da análise do livro “Becos da memória”, de Conceição Evaristo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, partindo-se: das discussões sobre branquitude feitas pelas autoras Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez e Neusa Santos Souza; dos estudos do espaço como constituinte de subjetividades, e da proposta de escrevivência de Conceição Evaristo. Essas discussões teóricas foram bastante relevantes para a posterior análise da obra “Becos da memória”, de forma que a favela foi estudada como território afetivo e as narrativas orais dos personagens foram abordadas como parte de uma memória afro-brasileira coletiva. Ademais, à luz da perspectiva decolonial e intercultural dos autores Walter Mignolo, Luiz Oliveira e Vera Maria Candau, propôs-se o acesso de estudantes a narrativas negras até então apagadas na educação escolar. Assim, foi desvelado o potencial do livro na construção de práticas pedagógicas decoloniais e antirracistas. Como resultado, ficou evidente o papel da literatura como instrumento de denúncia e resistência ao ideal de branquitude. Além disso, evidenciou-se o impacto da linguagem literária na formação e acolhimento dos discentes, os quais podem ecoar vozes dos seus ancestrais na construção de uma sociedade mais consciente quanto às relações de poder que a constituem.