A partir da perspectiva dos estudos de gênero e educação, propõe-se neste trabalho apresentar uma discussão sobre a representatividade feminina nos filmes de super-heróis vistos nas salas de cinema brasileiras no período de 2011 a 2020. A ideia para o desenvolvimento desta discussão surgiu a partir dos dados levantados para a pesquisa de iniciação científica sobre a representação do gênero feminino nos filmes mais vistos nas salas de cinema do Brasil entre 2011 e 2020. Na lista dos 20 filmes mais vistos neste período, que é a base para o desenvolvimento da pesquisa mencionada, organizada pelo Observatório do Cinema e Audiovisual (Oca), que publica anualmente o Relatório do Cinema Brasileiro, consta que dos filmes com maior público nas salas de cinema do período, metade tem como protagonistas super-heróis e em apenas dois deles – Os Incríveis 2 (2018) e Capitã Marvel (2019) –, as personagens femininas são protagonistas e super-heroínas. Entendendo que grande parte do público que assiste a filmes de super-heróis é formado por crianças e jovens, cabe-nos fazer uma discussão proposta por Martín-Barbero (2013) que é a de que muitos de nossos jovens têm sido formado pelas mídias, portanto, cabe à escola discutir também as mídias em seus espaços e fazer esta discussão de maneira crítica, entendendo que a ideia da existência de um gênero mais forte ou superior a outro, muitas vezes retratado no audiovisual, precisa ser repensada, recontada e recontextualizada. Este estudo tem como referencial teórico Louro (2008, 2013), Duarte (2009), Silva (2001), além de Martín-Barbero e outros autores da teoria da Comunicação da América Latina, que defendem que o espaço educacional é também um espaço de reflexão sobre questões relacionadas aos papeis sociais de gênero e a representação de gênero nos artefatos culturais como o cinema.