O artigo apresenta uma análise da constituição e difusão da hegemonia neoliberal no âmbito do Estado, sobretudo na educação pública e suas formas de gestão. Para tanto, recorremos à pesquisa bibliográfica (Gil, 2008) realizada a partir das contribuições teóricas de Antonio Gramsci (2001, 2007, 2020) e das categorias Estado, Estado integral, hegemonia, aparelhos privados de hegemonia e intelectuais orgânicos elaboradas pelo autor, em diálogo com seus intérpretes e interlocutores (Liguori, 2017; Coutinho 2010, 2017), com destaque para os pesquisadores do campo da política educacional (Casimiro, 2018; Fontes 2018a, 2018b; Jacomini, 2020; Jacomini e Moraes, 2018; Mendonça, 2014) e autores contemporâneos que abordam a temática do neoliberalismo (Anderson, 1995; Dardot e Laval, 2016; Harvey, 2014), a educação e suas formas de gestão (Adrião, 2018; Hypolito, 2011; Garcia, 2019; Peroni, 2013; Shiroma, 2011, 2019; Shiroma e Evangelista, 2014, Souza, 2016). Concluímos que, a contribuição teórica de Gramsci e as categorias por ele elaboradas se constituem em ferramentas teórico-metodológicas potentes para a compreensão da problemática, uma vez que o neoliberalismo se fortaleceu a partir dos anos 1970, quando por meio de seus intelectuais orgânicos individuais e coletivos, dos aparelhos privados de hegemonia produziram e educaram o consenso em torno da ideia de que a racionalidade neoliberal é a única e a melhor solução a ser implementada nos diferentes países; ao adentrar o Estado, o neoliberalismo utilizou a sociedade política e seus aparelhos para amparar o capitalismo em sua fase atual, sendo que a educação e suas formas de gestão se constituem em espaços estratégicos para a produção e difusão da racionalidade neoliberal e seus propósitos. No Brasil, esses ideais chegaram por volta dos anos 1990, quando a gestão democrática passou a ser ressignificada diante do avanço do gerencialismo e dos modelos de gestão importados do setor privado propostos pelos neoliberais.