Desde a colonização, o determinante social de gênero se inscreve no corpo racializado, impactando na subjetivação de mulheres negras brasileiras até os dias atuais. A conjugação entre racismo e sexismo produz desdobramentos violentos nas dimensões de vida de mulheres negras, inclusive na expectativa de vida e na maneira como essa camada envelhece. O presente trabalho realizou uma revisão integrativa sobre o diálogo entre envelhecimento, gênero e raça, visando explorar as especificidades do envelhecer dessa população. O artigo possui um caráter exploratório, visto a escassez de estudos na área. A partir da revisão integrativa, a velhice foi evidenciada como um resultado, também, de como a raça é vivida ao longo da vida, visto que a interseção classe-raça tem o potencial de envelhecer mulheres negras antes do tempo. Estudos apontam mulheres negras brasileiras como a camada mais propensa a enfrentar episódios de solidão afetiva, subemprego, luto de familiares, bem como maior incidência de violências durante o ciclo de vida. Algumas especificidades se sobressaem ao longo do envelhecimento dessa população. Embora todas as mulheres experimentem discriminações geracionais ao longo desse processo, a marcação racial garante maior seguridade social às mulheres brancas, já que essas tiveram um maior acesso à educação e ao emprego formal, resultando em uma melhor qualidade de vida e preparação para a velhice. Para mulheres negras, não existe época determinada para parar de trabalhar, pois o racismo estrutural as mantém majoritariamente fora do mercado formal e dos direitos previdenciários. É indubitável, então, que os atravessamentos raciais se fazem tão importantes quanto os de gênero no envelhecimento de mulheres negras brasileiras. Deve-se encarar essa camada como pilar fundamental na formação nacional, pois essas mulheres constituem a base da pirâmide social, oferecendo subsídios para a ascensão das demais camadas sociais. Portanto, faz-se fulcral avançar na discussão sobre envelhecimento, gênero e negritude.