O presente trabalho apresenta uma atividade extensionista do Projeto de Extensão “Da escola à universidade: escutando o mal-estar”, desenvolvido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), através do qual oferta oficinas para o público de estudantes adolescentes matriculados em uma escola pública localizada na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. As ações extensionistas foram realizadas com estudantes do 2º ano do Ensino Médio, durante o ano 2023, momento marcado por mudanças que dizem respeito, além da transição adolescência/vida adulta, da reforma do ensino médio, sem deixar de considerar o clima de ameaças e violência contra a escola como pano de fundo. As atividades aconteceram através de encontros quinzenais, com apoio e integração de professores, com o propósito de criar um espaço para os estudantes se expressarem elaborando e revelando como é estar na escola hoje. Dentre os encontros, 5 deles foram dedicados à construção de um ciclo de conversas e propostas de expressão (oral, escrita, teatral, quadrinhos e exposição) sobre o “estar na escola”, o que representou importante avanço na interlocução dos estudantes com o ambiente escolar. Com base na prática de escuta e conversação desenvolvida pela psicanálise, encontramos na construção de quadrinhos um suporte importante para as dinâmicas propostas. A metodologia da construção de quadrinhos como forma de expressão trouxe leveza e humor para tratar de assuntos geralmente difíceis. Em um contexto de fragmentação das práticas curriculares devido às recentes transformações tecnológicas, políticas e sociais, essas oficinas representaram uma aposta que a expressão dos estudantes tem o poder de agregar valor e fortalecer o laço com a escola. Apesar de toda desestruturação atravessada a escola continua sendo um lugar privilegiado de endereçamento ao outro.