O curso de Pedagogia forma profissionais para atuarem na gestão e na docência, em escolas de Educação Infantil até os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. A história nos mostra que o profissional pedagogo transitou pelos gêneros ao longo da história, conforme informações de Saviani (2011). Nas últimas décadas, em especial pela perspectiva de educação pautada no assistencialismo e pela subalternidade feminina determinada pela história do patriarcado, o curso é frequentado, em sua grande maioria, por mulheres. Não obstante essa realidade, ainda que em número bem menor, é possível perceber que existem homens que atuam como docentes regentes de classes de Educação Infantil. Segundo dados do Censo da Educação, realizado em 2022 e publicado em 2023, o percentual era de apenas 3,7% dos docentes homens que atuam com crianças de zero a seis anos de idade (BRASIL, 2021, p. 40). Quais as causas para essa disparidade entre homens e mulheres? Quais os limites da participação masculina na Educação Infantil? Como as famílias enxergam essa presença? Em classe de homens, quem é responsável pelo cuidado dos pequenos? Qual é o cenário do futuro para a equidade de homens e mulheres cuidando de crianças pequenas? Diante desses questionamentos, pretendo discutir quais os motivos que levam a essa ausência de homens no trabalho com crianças pequenas. Utilizarei a autoetnografia como base metodológica para as discussões, apresentarei algumas experiências enquanto docente de crianças da Educação Infantil, assim como relatos de familiares e integrantes dos corpos de profissionais que estão em constante contato com os professores homens. Acredito que essa proposta consiga contribuir para a construção de uma sociedade menos machista e mais equânime nas questões de gênero. Espera-se colaborar para o debate de gênero e o avanço nas esferas profissionais e sociais no sentido de diminuir essa diferença entre homens e mulheres.