A temática deste resumo versa sobre recortes iniciais da minha pesquisa de doutorado que pretende abordar o uso de autobiografias de escritoras latino-americanas como ferramenta didática para uma sala de aula transformadora. Essa proposta visa traçar um movimento de re-memorar a vida e presença das mulheres no curso histórico por meio do relato autobiográfico de forma a ampliar as narrativas do que se ensina e se aprende em sala de aula. A inclusão de autobiografias escritas por mulheres reintroduz na escola sujeitos que foram sistematicamente excluídos desse ambiente demarcando, dessa forma, uma abordagem política e educacional crítica e transformadora que se vincula à exploração dos elementos de ancoragem presentes nas escritas de mulheres, fornecendo pistas sobre a subversão das estruturas colonialistas, patriarcais, racistas e excludentes que essas mulheres fizeram em seus tempos. Para humanizar, intelectualizar e trazer sensibilidade à sala de aula, é essencial ancorar-se em autoras cujas obras exploram essas dimensões, discutindo sentimentos, emoções, vida, morte, entre outros aspectos. Conforme aponta Curiel (2007) as mulheres feministas afrodescendentes, indígenas e muitas outras vem apontando pistas significativas sobre a necessidade de ampliação do nosso panorama investigativo assim como apontando estratégias para uma ciência mais integradora, contudo, esses grupos são ignorados sistematicamente pelo paradigma universalista-branco. Para sustentação e ancoragem teórica e metodológica essa pesquisa dialoga com autoras(es) que analisam, criticam e subvertem a ordem patriarcal, racista e desigual vigente: Lelia Gonzalez (2020), Beatriz Nascimento (2018), Petronilha Gonçalves da Silva (1998) e Nilma Lino Gomes (2019), e de estudiosas brancas como Heleieth Safioti, (1978), Silvia Federici (2023) e Gerda Lerner (2022), etc. Enfrentar essa estrutura exige que as pesquisas em educação estejam comprometidas com a produção epistêmica e empírica de novas teorias e práticas ancoradas na transformação de mentalidades patriarcais.