O presente relato de experiência é um recorte de uma pesquisa de dissertação de Mestrado, em andamento, afiliada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). O escopo é analisar as relações de gênero no cotidiano dos participantes de um projeto piloto de grupo reflexivo para homens, que foram encaminhados pela vara especializada de violência doméstica e familiar contra a mulher. Compartilho a experiência enquanto psicóloga e pesquisadora do Serviço Reflexivo (SER), que, por sua vez, tem como base as Diretrizes Gerais dos Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. O aporte teórico-epistemológico empregado é a perspectiva do construcionismo social sobre as práticas discursivas e a produção de sentidos no cotidiano das interações sociais. Sendo as práticas discursivas compostas pelos diferentes meios utilizados pelas pessoas, que através dos discursos criam realidades psicológicas e sociais, ao trabalhar com práticas discursivas o objetivo não foi às estruturas usuais de associação de conteúdo e sim a fluidez e os contextos dos sentidos. Considerando isso, as vivências no grupo do projeto SER exemplificam como as práticas discursivas mantém ou não eventos, práticas sociais, relações de poder dominantes que selecionam e dispõem os enunciados. Revelando a linguagem como um importante articulador. Em conclusão, espera-se, além das contribuições científicas, que ao proporcionar processos de sensibilização, produção, circulação, atualização de repertórios linguísticos, sobre a violência de gênero e outros temas, o homem participante desnaturalize os atos, crenças, experiências, possibilitando a promoção de reflexões e mudanças nas suas relações cotidianas.