Considerando que estamos imersos numa cultura de fragmentação que separa cognição de ontogênese, o que empobrece os seres humanos em sua potencialidade autopoiética, ou seja, somos seres produtores de si mesmos, optamos por uma abordagem complexa de práticas pedagógicas que contemplem as autonarrativas como propulsoras da condição de autores (as) de adolescentes diagnosticados com autismo. Para isso, começamos por esclarecer o lugar de onde estamos falando: o paradigma da complexidade. Em tal registro, rompemos com um paradigma clássico, linear e fragmentador para adotar aquela postura científica de juntar os diferentes níveis da realidade. Para a execução de nossas práticas recorremos à teoria da Biologia da Cognição de Humberto Maturana e Francisco Varela que, na perspectiva da complexidade mostram a inseparabilidade do conhecer/sentir voltado para a autoria (autopoiesis) de cada ser humano como autor de si mesmo. No caso do autismo, que é o nosso foco aqui, rompemos também com as abordagens fundamentalistas que desconsideram as condições biológicas dos seres humanos como seres amorosos e produtores de si insistindo em ações mecânicas de reforço e repetições, o que implica em muito sofrimento . Em oposição a tais procedimentos, adotamos práticas de sensibilização e afecções para mobilizar esses sujeitos no sentido de poder dizer eu a si mesmo.