A autorreferência é um traço frequente nas literaturas contemporâneas, apesar de ser um recurso que não é novo no campo literário. Logo, a autorreferencialidade se põe em um lugar de limites entre o que é considerado ou não literatura, o que Ludmer (2010) afirma ser o “atravessar fronteiras”, isto é, estar simultaneamente dentro e fora do que se entende por literário. Um dos aspectos que apontam para a figura do autor em Liniers é o fato – anteriormente citado – dele se desenhar com cabeça de coelho. Nas palavras do próprio Liniers acerca dessa relação entre seu eu autor e o personagem que cria com a mesma identificação. Essa confusão entre o que é ficcional e real é uma das características das escritas de si que, por sua vez, estão presentes nos quadrinhos aqui estudados. Logo, nesse artigo analisaremos as referências relacionadas ao autor no Macanudo I, considerando como aporte teórico os textos de Klinger (2006), Ludmer (2010) e Queiroz (2017) que tratam respectivamente das narrativas contemporâneas, da escrita de si e das narrativas gráficas, em especial, as de Liniers. Nesse sentido, nossa pesquisa se organiza a partir de um recorte teórico conceituando as escritas autorreferenciais e, posteriormente, a análise da obra supracitada.