O TGMD-2 é um instrumento que avalia o processo do movimento em habilidades motoras fundamentais de crianças de 3 a 10 anos, ou seja, avalia a qualidade com que as habilidades foram realizadas. Para planejar intervenção na competência motora, é útil analisar com maiores detalhes cada habilidade, e o TGMD-2 permite tal análise. O objetivo deste estudo foi verificar o desempenho motor de crianças de 3 a 5 anos, especificamente descrevendo o seu desempenho em cada critério, segundo idade e sexo. Esta é uma análise de dados secundários de um estudo longitudinal (ELOS-Pré) de abrangência municipal - Recife, PE. Foram avaliados 564 pré-escolares de 3 a 5 anos (♀=293; 4,35 anos [0,83]; ♂=271; 4,38 anos [0,82]) nos subtestes locomotor e de controle de objetos do TGMD-2. Descritivamente, os resultados mostraram que em cada habilidade houve movimentos nos quais as crianças tiveram especial dificuldade. Na habilidade locomotora correr o critério de menor desempenho foi: “braços movendo-se com cotovelos flexionados e em oposição às pernas”; na habilidade galopar: “um passo à frente com a perna condutora, seguido por um passo com a perna de trás para uma posição próxima ou atrás da perna condutora”; na habilidade saltitar em um pé: “saltar três vezes com o pé não-preferido”; na habilidade saltar o obstáculo nenhum dos critérios parece ter apresentado dificuldade para as crianças; na habilidade saltar horizontal: “braços estendidos vigorosamente para frente e para cima; na habilidade deslocamento lateral: ”corpo voltado lateralmente de forma que os ombros estejam alinhados com a linha do solo”. Já nas habilidades de controle de objetos, o critério de menor desempenho na habilidade rebater foi: “a mão dominante segura o bastão acima da não dominante”; na habilidade quicar: “o contato com a bola é feito, ao nível da cintura, com uma mão’; na habilidade receber: “a bola é recebida somente com as mãos”; na habilidade chutar: “aproximação rápida e contínua para a bola”; na habilidade arremessar: “o giro é iniciado com o movimento da mão/braço para baixo”. Entre as crianças de 3 anos, as meninas foram melhores nas habilidades correr e receber . Entre as de 4 anos, houve superioridade das meninas no galopar (critério 3); já nas habilidades deslocamento lateral (critérios 1 e 2), rebater (critérios 1), quicar (critérios 1, 2 e 4) e arremessar (critérios 2 e 3) meninos foram melhores. Entre as crianças de 5 anos, houve superioridade feminina no saltitar (critérios 1 e 2) e galopar (critério 3), entretanto, nas habilidades correr (critério 1), deslocamento lateral (critérios 1 ), rebater (critérios 3 e 4), quicar (critérios 2, 3 e 4) e arremessar (critérios 2 e 3) houve superioridade masculina. Enfim, meninos e meninas diferiram em sua competência motora, e meninos mostraram-se especialmente competentes nas habilidades de controle de objetos. Esses dados permitem propor um maior incentivo para práticas igualitárias entre os sexos; além disso, recomenda-se que os programas combinem habilidades de maior e menor dificuldade, de modo que as crianças sintam-se competentes, porém desafiadas e, consequentemente, envolvam-se prazerosamente com a prática de habilidades motoras.