Visando promover o desenvolvimento do aprendizado de alunos surdos acerca dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, realizamos, em parceria com outras instituições educacionais e também com a Polícia Militar, um ciclo de palestras e atividades extraclasse para tais alunos, estudantes da Escola de Estadual de Audiocomunicação Demósthenes Cunha Lima – EDAC. Esta ação teve relevância para docentes, discentes e convidados, uma vez que favoreceu, além da aquisição de conhecimentos sobre os temas transversais dos PCN, interação socioeducacional entre surdos e ouvintes. O que nos motivou a desenvolvê-la foi a forte demanda dos estudantes e familiares em conhecer mais e melhor sobre temas como drogas, sexualidade e cidadania, dentre outros, considerando as limitações de tais sujeitos, frente aos revezes que lhes são impostos pela vida, que vão desde a barreira linguística até a suscetibilidade à ação criminosa de traficantes e outros aproveitadores. Nosso trabalho teve por objetivo orientar os alunos acerca de assuntos como acessibilidade e cidadania, cuidados com a saúde corporal, aquisição/manutenção de hábitos saudáveis e o perigo do uso das drogas, entre outros. Além das palestras ministradas, houve aferição de pressão arterial, cálculo do IMC, exames de glicemia e uma visita a um parque da cidade. As atividades foram realizadas nos meses de julho, agosto e setembro de 2012, em parceria com a Polícia Militar, através do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD, e também com alunos dos cursos de enfermagem da UEPB e de arquitetura, da FACISA. O trabalho, idealizado pelos professores da EDAC, contou com a colaboração dos pais de alunos e das intérpretes de Libras da escola, que possibilitaram a comunicação com os cerca de cento e cinco alunos de ambos os sexos, em diversas faixas etárias, estudantes dos ensinos fundamental e médio. Dentre as dificuldades encontradas para a realização deste trabalho, destacaram-se a barreira linguística e a falta de conhecimento básico dos discentes sobre os temas trabalhados, dado suas limitações específicas. Entretanto, a ajuda profissional das intérpretes e o acolhimento com que foram tratados os alunos surdos pelos colaboradores, facilitaram nosso sucesso. Pretendíamos, ao final, conferir-lhes momentos de socialização, aprendizado e lazer, mas para nossa surpresa e contentamento, conseguimos ir além, uma vez que os discentes se mostraram indivíduos de amplas possibilidades quando estimulados a produzir conhecimentos fora do contexto da rotina escolar. Criou-se um ambiente de amizade e parceria entre alunos da EDAC e demais sujeitos participantes, o que nos fez aprender, sobretudo, que uma sociedade mais justa e uma convivência mais humana são possíveis, apesar das barreiras enfrentadas diariamente por cada pessoa. O sucesso das ações realizadas nos impulsiona a prosseguir na mesma linha. Por sugestão dos participantes, estamos desenvolvendo um projeto para perenizar ações desse tipo dentro e fora da escola, favorecendo novas gerações de alunos e professores. Apresentar tal relato de experiência neste Congresso nos possibilitará contribuir com práticas docentes de sucesso, mesmo em condições adversas no ambiente laboral.