O excesso de peso em crianças pode provocar uma série de limitações físico-mecânicas para o movimento, o que pode contribuir para um pior desempenho em habilidades motoras. Alguns estudos verificaram haver correlações negativas entre o IMC e o desempenho motor de escolares, mas outros estudos não. Considerando a divergência de resultados, o presente estudo tem como objetivo verificar a associação entre o índice de massa corporal (IMC) e o desempenho em habilidades motoras fundamentais nas faixas etárias da segunda infância. A amostra foi constituída por 94 crianças com idade de 7 a 10 anos (7 anos, n=18; 8 anos, n=38; 9 anos, n=17; 10 anos, n=22), estudantes de uma escola da rede municipal de ensino da cidade do Recife. O desempenho motor foi avaliado por meio de cinco tarefas, sendo duas de controle de objetos e três tarefas de equilíbrio: 1. Arremessar uma bola na parede e segurar com as mãos (pontuação= número de acertos em 10 tentativas); 2. Lançar saquinho de feijão ao alvo (pontuação= número de acertos em 10 tentativas): 3. Equilíbrio sobre a prancha com uma perna (pontuação= maior tempo obtido em quatro tentativas, sendo duas tentativas por perna); 4. Andar sobre a linha (pontuação= maior número de passos corretos e consecutivos de duas tentativas) e, 5. Saltito em esteiras (pontuação= maior número de saltos corretos e consecutivos, sendo duas tentativas por perna). Foram feitas medidas de estatura e massa, a partir das quais foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). O teste de Spearman mostrou haver correlação negativa entre IMC e a habilidade de andar sobre a linha (p=0,029; r= -0,467) e a habilidade de saltito em esteiras (p=0,018; r= -0,498), ambos apenas aos 10 anos de idade. Nesta amostra de crianças, apenas entre as mais velhas houve associação entre o IMC mais alto e pior desempenho em habilidades de equilíbrio dinâmico. Tal fenômeno pode ser explicado porque o IMC elevado pode representar uma restrição estrutural importante para a competência motora.