O uso de benzodiazepínicos é prevalente em idosos e por várias razões esse fato permanece alto. O uso destas drogas está associado a vários efeitos nocivos, incluindo quedas, fraturas, acidentes de trânsito, e delirium. Estudos também mostram que BZD trazem prejuízos cognitivos (na memória e atenção, por exemplo). O presente estudo foi delineado para analisar possíveis associações entre o uso de benzodiazepínicos e queixas cognitivas em uma amostra de pacientes idosos do Ambulatório da Memória/PB. As variáveis analisadas foram: Perfil sociodemográfico (sexo, idade, escolaridade, renda mensal, estado civil e etnia), Perfil epidemiológico (queixas ou prejuízos prevalentes) e Perfil Farmacoterapêutico (medicamentos utilizados, número de medicamentos por idoso,
ação sobre o Sistema Nervoso Central). O uso crônico de benzodiazepínicos foi definido como o uso de, pelo menos, 180 dias consecutivos em um ano. As drogas foram classificadas de acordo com as categorias terapêuticas conforme o sistema de classificação da Anatomical Therapeutical Chemical
(ATC). A prevalência do uso de BZD (41,2%) neste estudo foi similar a outros estudos com
idosos que já foram realizados. O padrão de uso dos BZDs observado nestes estudos é
compatível com o uso crônico (aproximadamente 2/3 dos adultos que usam a medicação) e é
relacionado com alto índice de efeitos colaterais, como dependência e disfunção cognitiva. O uso indevido de benzodiazepínicos em idosos reflete a busca por alívio de
sofrimento, geralmente na busca por diminuir a irritabilidade, facilitar o sono ou "não pensar"
nas coisas.
O seu uso, muitas vezes sem acompanhamento médico, por tempo e doses
inadequadas, evidencia a falência e fragilidade do modelo biomédico.