Introdução: O aumento na expectativa de vida devido ao progresso socioeconômico e médico resultou em uma população envelhecida que está crescendo em tamanho e proporção. Esta mudança demográfica tem estimulado estudos da saúde, funcionalidade e qualidade de vida dos idosos. Em idosos, o estado funcional se constitui como um importante indicador da condição de saúde geral, refletindo o grau de independência do indivíduo e o uso dos serviços de cuidados à saúde. Entretanto, estudos que investigam associações entre as desigualdades socioeconômicas e limitações de atividade em idosos com uso da análise multinível são escassos. Os estudos multinível que tentam descrever os efeitos ecológicos, enquanto também incluem efeitos no âmbito individual, são proeminentes nos projetos de pesquisa sobre os determinantes socioeconômico da saúde e da doença. Objetivo: Determinar a influência da desigualdade de renda, relativa à limitação de atividades entre pessoas com 60 anos ou mais no Brasil em 2008. Metodologia: Regressão ordinal com efeitos aleatórios foi proposta para análise multinível do Índice Global de Limitação de Atividades (IGLA), uma medida que avalia a presença de limitação de atividade de longo período, e sua associação entre as variáveis independentes em dois níveis: individual (demográficas, socioeconômicas e estado de saúde) e contextual (coeficiente de Gini e produto Interno Bruto per capita por Unidades da Federação em 2008). Resultados: Com relação ao status sociodemográfico, os fatores mais comumente associados com a limitação da atividade foram os seguintes: Ter 75 anos ou mais; ser mulher; viver com os outros e em áreas urbanas; ganhar menos de dois salários mínimos e ter completado três ou menos anos de estudo. Com relação ao estado de saúde, os fatores mais comumente associados com a limitação da atividade foram os seguintes: saúde autopercebida ruim ou muito ruim, internação hospitalar nos últimos 12 meses, uso contínuo de medicação e depressão. Em nível contextual, a desigualdade de renda exerceu uma grande influência sobre a limitação de atividades em indivíduos idosos. Conclusão: Limitações nas atividades entre os idosos são refletidas amplamente no agravamento da autopercepção de saúde e na condição de depressão. As doenças crônicas devem ser associadas com o aumento de limitações de atividade, principalmente doença renal crônica, artrite, tendinite e câncer. Estratégias de prevenção e reabilitação eficazes para reduzir as limitações de atividade na população idosa devem ser implementadas, considerando-se os determinantes sociais e os determinantes de incapacidade.