Introdução: A atmosfera hostil do cárcere comporta aspectos que o fazem ir além do caráter punitivo propriamente dito, os indivíduos que ali se encontram sofrem mutilações que ferem mais a alma do que o corpo, chegando aos limites da raça humana, alterando com isso as concepções de se mesmo, do outro e do futuro, assim como a auto-estima, autonomia, auto-eficaia, dentre outros aspectos que constituem o individuo. No que diz respeito a mulher encarcerada, as conseqüências vão além, tendo em vista que as mesmas apresentam mais dificuldades de enfrentar o cárcere, pois sofrem com o estigma, com a separação dos filhos, parceiros e família, sendo a autoculpabilização um sentimento recorrente. Contudo há mecanismos que podem influenciar de forma positiva ou negativa no processo de resiliencia dessas mulheres frente a cárcere, sendo a resiliencia a capacidade de superação frente aos efeitos nocivos das adversidades. Objetivo: O presente estudo tem por objetivo identificar os principais mecanismos de proteção e risco envoltos no processo de resiliencia em mulheres encarceradas. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória, realizada a partir de uma revisão integrativa da literatura nas principais bases de dados. Utilizou-se como descritores os termos “O cárcere e a mulher encarcerada” e “Processo de resiliencia no ambiente prisional”. Para tanto, foram considerados os seguintes critérios de refinamento: artigos publicados em português, exclusão de textos coincidentes, que não disponibilizassem o conteúdo completo e que não fizessem referência direta ao tema. Foram encontrados 25 artigos, não obstante, apenas 12 atenderam aos critérios de inclusão. O tratamento dos dados foi realizado por meio da análise qualitativa dos artigos selecionados, confrontando-os de modo a extrair as convergências, divergências e novas perspectivas acerca do tema abordado. RESULTADOS E DISCUSSÕES: De acordo com o material discutido e analisado, pode-se entender como se dar esse processo de “mutilações” presente nas instituições de prisão, sobretudo observar que as principais formas de mutilações – Distanciamento dos filhos, fragmentação da estrutura familiar, despersonalização, ausência de relações afetivas e de confiança - podem ser caracterizadas como mecanismos de risco. No entanto pode identificar diversos mecanismos de proteção que influenciam de forma positiva no processo de resiliencia, alguns deles são: a fé, o amor aos filhos, a música, o trabalho, a escola, e desejo de oferecer um futuro melhor para os filhos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É importante ressaltar que a literatura apresenta uma constelação de mecanismos, sejam eles pessoais ou desencadeados pelo ambiente. No entanto o referencial superação é muito particular e subjetivo, em outras palavras, variando de pessoa para pessoa, de grupo para grupo.