Introdução: Acidente de trânsito é todo acontecimento não intencional e evitável, ocorrido em via pública que envolve um veículo. O aumento do número de acidentes de trânsito e da morbimortalidade em vítimas deste tipo de evento é consequência da ampliação da frota de veículos automotores, resultado do crescimento populacional e de profundas transformações da sociedade nos campos da ciência, tecnologia, política e economia. Objetivo: caracterizar as vítimas de trauma por acidentes de transportes terrestres atendidas em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recife-PE e identificar as características relacionados aos acidentes. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa. Foi realizado a partir dos dados contidos no Sistema de Informação sobre Acidente de Transporte Terrestre da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. Estes dados referem-se aos atendimentos realizados a vítimas de acidentes de transporte terrestre, entre agosto de 2013 a fevereiro de 2014, em uma unidade sentinela, por prestar serviço especializado e estar apta a receber pacientes graves e politraumatizados. Os dados foram coletados nos meses de fevereiro e março de 2014. Resultados: Foram registrados 2065 atendimentos a vítimas de acidente de transporte terrestre no período pesquisado. Quanto às características dessas vítimas, observou-se que 80,1% eram do sexo masculino e 19,9% do sexo feminino, a faixa etária de 20-39 anos foi a mais prevalente (64,7%), seguidas da faixa etária de 40-59 anos (17%) e 10-19 anos (14,2%). Em relação ao meio de locomoção no momento do acidente, verificou-se a motocicleta como o meio mais prevalente (74,5%), seguidos de a pé (9,4%), bicicleta (7,5%) e automóvel (5,7%). O tipo do acidente predominante foi a colisão/abalroamento com 46,7%, queda do veículo em 25,2% e atropelamento e tombamento/capotagem igualmente correspondendo a 11,1%. Quanto aos fatores relacionados ao acidente, em 19,9% não tinha carteira de habilitação, 16,3% estavam em alta velocidade, 12,2% estavam sem capacete, 9,9% estavam sob o efeito do álcool e 2% estavam sem cinto de segurança. Houve uma predominância de acidentes nos finais de semana, aos sábados e domingos com 18,2% e 16,8%, respectivamente. Em 38,3% o acidente estava relacionado com o trabalho, em que 27,2% estavam indo/voltando do trabalho e 11,1% ocorreram durante o trabalho. No que se refere a outra parte envolvida no acidente, destacou-se o automóvel com 35,5%e a motocicleta (13,0%). Constatou-se que o mês de agosto foi o mais prevalente (17,2%). Verificou-se que 93,9% receberam alta após atendimento e 2,2% foram transferidos. Conclusão: Assim, percebe-se que os acidentes de trânsito constituem um grave problema de saúde pública, por acometer um número significativo de indivíduos, que em sua maioria são jovens e do sexo masculino. Conhecer as características das vítimas e do evento ocorrido é importante para subsidiar o delineamento de medidas que possam contribuir para a redução de morbimortalidade por acidentes de transporte terrestres.