A gestão democrática basicamente visa à participação de todos no desenvolvimento dos processos educacionais. A gestão tem como eixo norteador a tomada de decisões. Estas tomadas de decisões precisam ser debatidas e aprovadas por todos, ou pelo menos pela grande maioria. Todos os segmentos da comunidade escolar precisam estar envolvidos (gestores, professores, estudantes, funcionários e pais). A gestão democrática também requer autonomia de todos esses segmentos, pois todos precisam ter vez e voz na escola, desde que tenha um gestor que administre essas ideias e valorize as diferentes posições, sempre buscando a melhoria da qualidade escolar. A gestão democrática também pode ser entendida como espaço de descentralização de poder e de exercício de cidadania. A partir da concepção de gestão democrática temos como objetivo problematizar: será que o espaço escolar tem corporificado os princípios da Educação em Direitos Humanos, sobretudo, no que se refere à valorização das diferenças no Currículo e na Gestão Democrática? O resultado de nossa pesquisa bibliográfica realizada a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores (SEVERINO, 2007) e orientada pelos estudos realizados através da Pós-Graduação lato-sensu em Educação em Direitos Humanos pela Universidade Federal da Paraíba, aponta que a escola na contemporaneidade, tem se tornado cada vez mais, um espaço de silenciamento das diferenças, apagamento das identidades e está repleta de embates de forças e tentativas de governar o campo de ação do outro (FOUCAULT, 1987). Embora a Resolução nº 1 de 30 de maio de 2012 esteja em vigor, a Educação em Direitos Humanos se encontra bem distante de sua corporificação no Currículo e nas práticas escolares. Há professores que possuem um daltonismo cultural, ou seja, vêem todos os seus alunos iguais. Segundo Moreira e Candau (2008, p. 31) “O professor ‘daltônico cultural’ é aquele que não valoriza o ‘arco-íris de culturas’ que encontra nas salas de aulas e com que precisa trabalhar, não tirando, portanto, proveito da riqueza que marca esse panorama”. É mais fácil enxergar nossos alunos em “preto e branco”, afinal, ensinar o Outro marcado pela diferença, é muito mais complexo. O daltonismo cultural afeta não somente o professor. Podemos afirmar que afeta ainda mais, a gestão escolar, pois, na sala de aula o professor possui contato direto com os alunos, o que não acontece com tanta frequência com os gestores. A gestão democrática pautada nos princípios dos Direitos Humanos, na valorização das diferenças, no direito à singularidade e na prática antiautoritária está a passos largos da sua existência real. Sem uma gestão democrática, bem como um currículo voltado para as diferenças, será quase impossível o ambiente escolar possuir uma Educação em Direitos Humanos. As diferenças precisam participar do ambiente escolar. Não há construção humana sem a relação e o diálogo com as diferenças e com outras culturas. Tornamo-nos mais humanos quando percebemos que não somos únicos, vivemos num ambiente social em que nos defrontamos diariamente com as diferenças. Essas diferenças precisam ser trazidas para o debate, sendo questionadas, respeitadas e valorizadas.