JOANA BÉRTHOLO PUBLICOU, EM 2018, A OBRA INTITULADA ECOLOGIA, UMA DISTOPIA QUE IMAGINA VÁRIOS PERSONAGENS PORTUGUESES VIVENDO POR UMA TRANSIÇÃO SOCIAL, EM QUE, PELO MENOS INICIALMENTE, ALGUMAS PALAVRAS PASSAM A SER COBRADAS QUANDO SÃO DITAS. A OBRA CONTEMPORÂNEA AJUDA A MONTAR UM MOSAICO DE DISTOPIAS, QUE CADA VEZ MAIS SÃO IMAGINADAS E PRODUZIDAS, TANTO NO MUNDO TODO, QUANTO ESPECIFICAMENTE EM PORTUGAL COMO NOTA BECKER EM SUA TESE (2017). UMA TRADIÇÃO QUE, EMBORA RECENTE, PROVA SUA RELEVÂNCIA COMO EXEMPLIFICA ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (1995). É PARA CONTRIBUIR NESSES ESTUDOS EMERGENTES QUE ESSE TRABALHO É PRODUZIDO. ATRAVÉS DE CENÁRIOS DE CONTROLE DA FALA E ELUCUBRAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM, BÉRTHOLO PARECE QUERER COMUNICAR O VALOR (MONETÁRIO E SOCIAL) QUE A PALAVRA PODE TER, QUESTÃO QUE ESSE TRABALHO PRETENDE ELABORAR E EXPANDIR PARA UM CAMPO TEÓRICO. BUSCA-SE, A PARTIR DESSES PONTOS, EXPOR COMO A AUTORA GERA NO LEITOR A POSSIBILIDADE DE ESPERANÇA ATRAVÉS DE UM CENÁRIO DE CAOS E PESSIMISMO, COMO É COSTUME DAS DISTOPIAS CRÍTICAS (MOYLAN, 2016). ALIADO AOS ESTUDOS DE DISTOPIA, PRETENDE-SE, TAMBÉM, USAR CONCEITOS FOUCAULTIANOS DE HETEROTOPIA E BIOPOLÍTICA A FIM DE MELHOR ELUCIDAR AS MECÂNICAS USADAS PELA AUTORA PARA GERAR A DUALIDADE DESESPERO/ESPERANÇA NA LEITURA DE SEU TEXTO. PARA UMA ABORDAGEM DA LITERATURA DISTÓPICA, CONTAREMOS COM CLAYES (2010); GOTTLIEB (2001); BACCOLINI E MOYLAN (2003) E MOYLAN (2016) COMO BASE. AS LEITURAS DE FOUCAULT SERÃO EM DEFESA DA SOCIEDADE (1999), NASCIMENTO DA BIOPOLÍTICA (2008) E O CORPO UTÓPICO ; AS HETEROTOPIAS (2013). ALÉM, É CLARO, DO LIVRO ANALISADO, ECOLOGIA (2018) DE JOANA BÉRTHOLO.