ASSUMINDO PARA SI A RESPONSABILIDADE DE SUPERAR POSSÍVEIS DESILUSÕES QUE VENHAM A ACONTECER, A NARRADORA ANSEIA PELOS SEGREDOS QUE AS NOITES – E OS DIAS – PODEM TRAZER. A PERSONAGEM PRINCIPAL DO CONTO CALOR, DE MARIA TERESA HORTA ENFRENTA, RELEMBRA E PERSISTE INVOLUNTARIAMENTE NOS SEGREDOS QUE SUAS MEMÓRIAS TRAZEM À TONA. NÃO SÃO NAS NOITES QUE ELES SURGEM, MAS NOS DIAS ARRASTADOS E TRANSPIRADOS QUE VIVENCIA JUNTO À MÓNICA. MARIA TERESA HORTA ESCREVE SEUS CONTOS DE MANEIRA PECULIAR, DE MODO A FAZER PENSAR QUE A LEITURA SERÁ DE POEMAS, PODERIAM SER CHAMADOS DE CONTOS-POEMAS OU CONTOS POEMADOS. O TÍTULO BREVE E BANAL, PODERIA INDICAR UMA NARRATIVA LEVE, CURTA, PORÉM ELE RESSALTA SUA DENSIDADE NAS PALAVRAS BEM ELABORADAS QUE A AUTORA FAZ, EM CONJUNTO, VIRAR HINO. A NARRATIVA É FEITA EM TERCEIRA PESSOA, DE UM NARRADOR QUE PARECE ESTAR MUITO PRÓXIMO, FISICAMENTE, DAS CENAS QUE NARRA. A ESTRUTURA QUE INICIA O CONTO É UM TANTO QUANTO CURIOSA – UMA FRASE MAIS CURTA PROTAGONIZADA POR UMA DAS PERSONAGENS, NUM VERBO TRANSITIVO INDIRETO, QUE PRECISA DE UM COMPLEMENTO PARA INTEGRAR SUA AÇÃO, NO PRESENTE, E INICIAR, ENFIM O QUE IRÁ ACONTECER: “A MULHER FICA À PORTA A OLHAR MÓNICA”. ESSA MULHER, AO MENOS POR ENQUANTO, NÃO POSSUI UM NOME. MAS A MENINA, A QUEM A CENA IMEDIATA IRÁ INSERIR NA NARRATIVA, É UM SUJEITO NOMEÁVEL. APÓS ESSA FRASE QUE SE ROMPE E VOLTA NA LINHA SEGUINTE, TEM-SE A IMPRESSÃO DE UM FREIO, ALGO DE PARADA BRUSCA, MAS QUE É RETOMADA IMEDIATAMENTE COMO UMA ENXURRADA NARRATIVA DE UM QUADRO DE CENA: COMO UM RECORTE A PARTIR DE UMA GRANDE PEÇA TEATRAL QUE É COLOCADO EM PEQUENOS QUADROS.