ESSA COMUNICAÇÃO BUSCA INVESTIGAR ASPECTOS IMAGÉTICOS DA CASA NA POESIA DE MANUEL ANTÓNIO PINA A PARTIR DA NOÇÃO, EVOCADA PELO PRÓPRIO POETA, DE QUE “UMA CASA É AS RUÍNAS DE UMA CASA”. APRESENTAM-SE ALGUNS FRAGMENTOS QUE DESENHAM UMA ARQUITETURA SEM PLANO RIGOROSO OU IMAGEM COESA QUE, NO ENTANTO, CONFORMAM UMA IDEIA DE CASA COMO LUGAR, A UM SÓ TEMPO, DE PROTEÇÃO E ENCARCERAMENTO, ABRIGO DO VIVOS MAS TAMBÉM DOS MORTOS. DESSE MODO, AS RUÍNAS DA CASA COMPORTAM DOIS POLOS EXTREMOS: A ORIGEM E O FIM, NELAS ENCONTRAM-SE UM SENTIDO HUMANO DADO À MATÉRIA E A DISSOLUÇÃO DESSE MESMO SENTIDO EM MATÉRIA APENAS. ALÉM DISSO, A CASA, PARA O POETA, É SOBRETUDO UMA HABITAÇÃO LINGUÍSTICA: "PERDE-SE O CORPO NA INABITADA CASA DAS PALAVRAS”. NA POESIA DE PINA, ELA É TOMADA COMO ESPÉCIE DE RUÍNA DAS RUÍNAS: “EU TENHO APENAS PALAVRAS, A PALAVRA VERMELHO, A PALAVRA AZUL”. EM UM SENTIDO FÍSICO, A LINGUAGEM, ESSA HEIDEGGERIANAMENTE CASA DO SER, É UM ANTIABRIGO, UM LABIRINTO QUE NÃO LEVA A UM CAMINHO SEGURO E TANGÍVEL, POIS NENHUMA PALAVRA, NENHUM ABRACADABRA, ABRIRÁ AS PORTAS FÍSICAS DO REAL: “A PORTA ESTÁ FECHADA NA PALAVRA PORTA/ PARA SEMPRE”. NO ENTANTO, É POR ESSA LINGUAGEM-PRISÃO, QUE NOS TRANSFORMA EM MINOTAUROS AFASTADOS DO CONTATO DIRETO COM AS COISAS, QUE SE PODE DE ALGUMA FORMA ACESSAR UMA CASA E, POR CONSEGUINTE, O MUNDO.