MOTIVADOS PELOS VERSOS DE MANUEL ALEGRE, EM SEU POEMA “VARIAÇÕES SOBRE ‘O POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO’, DE ALEXANDRE O’NEILL, DE 1965, QUE, RELIDOS EM UM TEMPO DE RECLUSÃO MUNDIAL NUMA ATMOSFERA DE PANDEMIA, PARECEM AINDA NOS DIZER MUITO DE NOSSO TEMPO CONTEMPORÂNEO, DESEJAMOS ANALISAR EM DIÁLOGO TEXTOS DA LITERATURA BRASILEIRA E DA LITERATURA PORTUGUESA QUE DE ALGUMA FORMA TEMATIZAM O HOMEM EM APRISIONAMENTO EM CERCO CONSTRANGEDOR, O SER ACUADO OU EMPAREDADO EM BUSCA INCESSANTE , O HOMEM COISIFICADO OU (DES)HUMANIZADO, PERSEGUIDO OU VIGIADO. DE “OS RATOS” (1935), ROMANCE DO MODERNISTA BRASILEIRO DYONELIO MACHADO, PASSANDO POR IMAGENS DA OBRA DO NEORREALISTA DO PORTUGUÊS MANUEL DA FONSECA, COMO EM “SEARA DE VENTO” (1958), AOS HOMENS ACUADOS E EMPAREDADOS DOS CONTOS FANTÁSTICOS CONTEMPORÂNEOS DE MURILO RUBIÃO - “O BLOQUEIO”, QUE INTEGRA A COLETÂNEA O CONVIDADO (1974) -, E DE JOSÉ SARAMAGO – “O EMBARGO”, DE OBJETO QUASE (1978) -, ENTRE OUTROS, DESEJAMOS PENSAR SOBRE A EXPERIÊNCIA HUMANA DE APRISIONAMENTO, MAS TAMBÉM DE RUPTURA EM BUSCA DE UMA NOVA CONDIÇÃO HUMANA POSSÍVEL. EMBASADOS POR ESTUDOS COMO OS DE ANTONIO CANDIDO, DAVI ARRIGUCCI JUNIOR, JORGE SCHWARTZ E TERESA CRISTINA CERDEIRA DA SILVA, ENTRE OUTROS, OBJETIVAMOS UMA LEITURA CRÍTICA DAS RELAÇÕES ENTRE O TEXTO E SEU CONTEXTO. DO LEGADO DE UMA GERAÇÃO ETICAMENTE COMPROMISSADA COM O HUMANO A TEXTOS QUE ESCOLHEM A VEIA FANTÁSTICA, OU DO INSÓLITO FICCIONAL, COMO FORMA DE FAZER VER A REALIDADE EM SI MESMA TÃO ABSURDA, DESEJAMOS MAIS UMA VEZ OUVIR OS CANTOS DAQUELES HOMENS QUE, COMO O EU LÍRICO DE MANUEL ALEGRE, “GRITA(M) NÃO AOS RATOS”, POIS TAMBÉM SABEM QUE “CANTANDO/ A TOCA ENCHE-SE DE SOL”.