INTERESSADOS NA RELAÇÃO ENTRE LITERATURA E FILOSOFIA, COMPREENDENDO QUE, ENTRE ESSES DOIS CAMPOS DO SABER, HÁ UMA IMPORTANTE ZONA DE INTERPENETRAÇÕES (GAGNEBIN, 2006; NUNES, 2005), BUSCAMOS VALORIZAR A PRESENÇA DA FILOSOFIA E DE FILÓSOFOS NOS ROMANCES SEMIPÓSTUMOS DO ÚLTIMO EÇA (REAL, 2006), ESTE VISTO COMO UM AUTOR QUE, MEDIANTE O ENSAÍSMO E O COMPARATIVISMO CRÍTICO, DE MODO TATEANTE E DIALÓGICO, TENDEU A PENSAR O PARADIGMA CIVILIZACIONAL EUROPEU FINISSECULAR. PARTINDO, SOBRETUDO, DAS REFLEXÕES ENCABEÇADAS POR LEONEL RIBEIRO DOS SANTOS (2008) E CAMPOS MATOS (2019), E NOS GUIANDO PELAS CONSIDERAÇÕES DE PEDRO SCHACHT (2013), NESTE ARTIGO, PROPOMO-NOS A ANALISAR O SENTIDO DO DISCURSO FILOSÓFICO N’A CIDADE E AS SERRAS (1901), NO QUE TANGE ÀS CONVERSAS DO NARRADOR HOMODIEGÉTICO ZÉ FERNANDES COM O PROTAGONISTA JACINTO, DEFINIDAS COMO EXERCÍCIOS FILOSÓFICOS. EM ESPECIAL, DAREMOS ENFOQUE AO EPISÓDIO DE MONTE MARTRE, AO NOSSO VER, MELHOR REPRESENTATIVO DO CARÁTER DAS ATIVIDADES FILOSOFANTES QUE MARCAM DIFERENTES ESTÁGIOS DA NARRATIVA. NA VISITA À CONSTRUÇÃO DA BASÍLICA DE SACRÉ COEUR, LOCALIZADA NUM PONTO ALTO DE PARIS, AS PERSONAGENS ENCETAM UM DIÁLOGO SOBRE A CIDADE, O QUAL SE ESTENDE E SE APROFUNDA ATÉ A CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DO SER. REVELANDO-SE PRATICAMENTE UM MONÓLOGO, QUALIFICADO COMO UM “FÁCIL FILOSOFAR” PELO NARRADOR, O ENTRECHO DISSERTATIVO SUFICIENTEMENTE CONTRADIZ O RECONHECIMENTO DE UMA TESE FAVORÁVEL AO CAMPO NO ROMANCE. A CENA, INVESTIDA DE SIGNIFICADOS SEMIÓTICOS, ENVOLVE UMA SÉRIE DE INDAGAÇÕES (EPISTEMOLÓGICAS, GNOSIOLÓGICAS, AXIOLÓGICAS, TEOLÓGICAS ETC.), AS QUAIS ATRIBUÍMOS AO CETICISMO QUEIROSIANO, ISTO É, À MANUTENÇÃO DA DÚVIDA ENQUANTO PROCEDIMENTO METÓDICO DE REGISTRO LITERÁRIO (ALVES, 2018). NA OBRA EM QUESTÃO, TRATANDO-SE MENOS DE FAZER UMA CRÍTICA À FILOSOFIA, O ÚLTIMO EÇA OFERECE UM DIAGNÓSTICO DA CONJUNTURA SOCIOCULTURAL DA EUROPA NO LIMITE DO SÉCULO XIX.