“A MENOR MULHER DO MUNDO”, DE CLARICE LISPECTOR (NA COLETÂNEA LAÇOS DE FAMÍLIA), E “HUMAL”, DE DULCE MARIA CARDOSO (NO LIVRO TUDO SÃO HISTÓRIAS DE AMOR), SÃO CONTOS COM SIMILARIDADES DE ESCRITA, COMO O USO DE FORTES DOSES DE IRONIA E DE INSTÂNCIAS NARRATIVAS QUE CONSTROEM O TEXTO DE TAL FORMA QUE, A PARTIR DA ENTRADA DO "ESTRANHO" ENQUANTO O OUTRO, ACABAM POR PROVOCAR DESFILES DE FALAS QUE CRIAM MICROCOSMOS. AS SEMELHANÇAS SÃO, TAMBÉM, TEMÁTICAS: HÁ, POR DIFERENTES VIESES, A CRÍTICA À EXPLORAÇÃO DO OUTRO. ESSA CRÍTICA SE DÁ A PARTIR DO COMPORTAMENTO MORALISTA (HIPÓCRITA) E ETNOCÊNTRICO DE ALGUNS DE SEUS PERSONAGENS, QUE CLASSIFICAM, INFERIORIZAM E BESTIALIZAM O QUE É CONSIDERADO DIFERENTE. ALÉM DISSO, HÁ COMO PONTO DE CONTATO OS PERSONAGENS INFERIORIZADOS EM AMBOS OS CONTOS SEREM VISTOS, PELO OLHAR DOMINANTE, COMO DEFORMADOS, REPULSIVOS E QUASE INCOMUNICÁVEIS, E ISSO SE TORNA JUSTIFICATIVA PARA PODEREM SER EXPLORADOS. NESTE TRABALHO, DEMONSTRAREMOS AS VÁRIAS FORMAS EM QUE ESSE OLHAR DOMINADOR SE APRESENTA. PARA TAL, TEREMOS COMO APORTE TEÓRICO TEXTOS DE SILVIANO SANTIAGO (“POR QUE E PARA QUE VIAJA O EUROPEU”), LINDA HUTCHEON (“DESCENTRALIZANDO O PÓS-MODERNO: O EX-CÊNTRICO”), ROLAND BARTHES (“OS MARCIANOS”), MONTAIGNE (“SOBRE OS CANIBAIS”) E MICHEL FOUCAULT (AS PALAVRAS E AS COISAS).