APESAR DA VASTA OBRA DE CAMILO CASTELO BRANCO, DA SUA IMENSA VARIEDADE DE PERSONAGENS FEMININAS E DO FATO DE NÃO SER ACONSELHÁVEL ENQUADRÁ-LO RIGIDAMENTE EM UMA OU OUTRA ESCOLA, ESTILO OU PADRÃO, É SABIDO QUE O NARRADOR CAMILIANO CONSTANTEMENTE SE POSICIONA EM FAVOR DOS “MENOS VALIDOS”, OU SEJA, DE PERSONAGENS QUE PODIAM SER CONSIDERADAS VÍTIMAS NA SOCIEDADE PORTUGUESA OITOCENTISTA, COMO AS MULHERES E OS MAIS POBRES, COMO ILUSTRADO EM MIMESE E MORAL EM CAMILO CASTELO BRANCO (2012). POSTO ISSO, O PRESENTE TRABALHO PRETENDE ALCANÇAR UMA ANÁLISE DO LIVRO DE CONSOLAÇÃO (1872), ROMANCE CAMILIANO, E DO LIVRO HISTORIOGRÁFICO GLÓRIA (2002), DO HISTORIADOR PORTUGUÊS VASCO PULIDO VALENTE. O LIVRO DE CONSOLAÇÃO POSSUI UMA FORMA FICCIONAL CARREGADA DE FALSEAMENTOS POR PARTE DO NARRADOR ACERCA DO QUE FOI UM ACONTECIMENTO REAL OCORRIDO ANTES DA PUBLICAÇÃO E ABALOU A OPINIÃO PÚBLICA EM PORTUGAL: O ASSASSINATO DE CLAUDINA GUIMARÃES POR SEU ENTÃO ESPOSO, POLÍTICO E GRANDE AMIGO DE CAMILO CASTELO BRANCO: JOSÉ CARDOSO VIEIRA DE CASTRO. NA OBRA SUPRACITADA, O LEITOR SE DEPARA COM UM FATO INCOMUM NO TERRENO CAMILIANO, QUE VAI DE ENCONTRO COM O COSTUMEIRO PROTAGONISMO FEMININO EM SUAS NARRATIVAS E A DEFESA DAS ESCOLHAS TOMADAS POR ESSAS MULHERES NOS ROMANCES DE CAMILO: O NARRADOR REALIZA, EM ALGUMA MEDIDA, A DEFESA DE VENCESLAU TAVEIRA, PERSONAGEM QUE REPRESENTA VIEIRA DE CASTRO, COMO CONFIRMA VALENTE (2002), EM DETRIMENTO DE JÚLIA, PERSONAGEM QUE REPRESENTA CLAUDINA GUIMARÃES.