A GUERRA COLONIAL (1961-1974) INSCREVE-SE NA HISTÓRIA PORTUGUESA COMO UM TRAUMA, UM TEMPO DE EXCEÇÃO QUE RASURA A IDENTIDADE COLETIVA DA NAÇÃO, UMA VEZ QUE É RESPONSÁVEL PELA RUPTURA DE PORTUGAL COM SEU SECULAR IMPÉRIO COLONIAL. ENQUANTO QUE A DITADURA DO ESTADO NOVO APOIAVA O CONFLITO E VENDIA A IDEIA DE QUE OS ESPAÇOS COLONIAIS DEVERIAM SER PROTEGIDOS A FIM DE GARANTIR A IMAGEM DE SOBERANIA DO PAÍS NO CENÁRIO GLOBAL, NOS POEMAS DE PRAÇA DA CANÇÃO (1965) E O CANTO E AS ARMAS (1967), MANUEL ALEGRE TESTEMUNHA OS ACONTECIMENTOS DO CAMPO DE BATALHA NA ÁFRICA E APRESENTA A GUERRA COLONIAL COMO UMA JORNADA ANTIÉPICA, UM TEMPO DE PERDIÇÃO, ESVAZIAMENTO E FLAGELO DO POVO PORTUGUÊS, SITUANDO-A ASSIM, NA HISTÓRIA NACIONAL, COMO UMA ESPÉCIE DE ALCÁCER-QUIBIR CONTEMPORÂNEO. ESCRITOS E PUBLICADOS NA CLANDESTINIDADE E DURANTE O EXÍLIO, OS POEMAS DE MANUEL ALEGRE SÃO PORTADORES DO SIGNO DA RESISTÊNCIA À MITOLOGIA SALAZARISTA E DENUNCIAM O ABANDONO DOS COMBATENTES, A VIOLÊNCIA E A INUTILIDADE DA GUERRA, APRESENTANDO-A COMO UMA MORTE COLETIVA DE TODA A NAÇÃO PORTUGUESA. POR MEIO DE SEUS VERSOS, DO DISCURSO LITERÁRIO, MANUEL ALEGRE TESTEMUNHA A GUERRA COLONIAL E APRESENTA OS ÚLTIMOS CAPÍTULOS DO IMPÉRIO COLONIAL LUSITANO.